Projeto de restauração da Caatinga avança nos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Unidades demonstrativas de restauração ecológica no sertão do
Pajeú (PE) e restauração produtiva no sertão do Apodi (RN) servirão de modelos
de produção sustentável no semiárido.
Restaurar a riqueza natural da Caatinga é o objetivo de uma
nova iniciativa de restauração que começa a ser implementado neste mês de maio
nos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte. Ao todo, 38 espécies nativas —
incluindo carnaúba, pajeú, emburana, angico, jurema, mulungu, juazeiro e a
craibeira — serão cultivadas em duas unidades demonstrativas de um hectare
cada, com o apoio do WRI Brasil e em parceria com a Rede de Mulheres Produtoras
do Pajeú, a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), a
Associação para o Desenvolvimento Sustentável Empreender Para Reforçar Emprego
e Renda (ADSERER), o Redário e o Cepan.
Cada experimento de restauração ecológica tem um hectare de
área. No Sertão do Pajeú, está sendo utilizada a técnica da muvuca com o
plantio de mudas. Serão intercaladas linhas de semeadura direta com linhas de
mudas, de modo que será possível fazer uma análise comparativa entre o uso de
mudas e sementes nas ações de restauração. A opção pela muvuca, técnica na qual
as sementes não são separadas por espécies, mas misturadas entre si, visa
reproduzir a forma como as plantas ocorrem naturalmente na paisagem. Tanto as
mudas como as sementes são obtidas de organizações locais, como a própria Rede
de Mulheres, o Redário e a Rede de Sementes do Pajeú.
"Essa primeira etapa de implantação da unidade
demonstrativa de restauração ecológica no Pajeú foi de muita troca de
experiência", diz Apolônia da Silvia, educadora social da Rede de Mulheres
Produtoras do Pajeú. "A Rede buscou trazer para o projeto o olhar das
mulheres, uma vez que são elas que desempenham esse papel importante de
restauração da Caatinga."
Já no Sertão do Apodi (RN), a restauração será produtiva, por
meio da implantação de um sistema agroflorestal (SAF) com espécies melíferas,
que serão inseridas na áreas também por meio de sementes e mudas, o que
viabiliza a criação de abelhas nativas (meliponicultura) e fortalece a
segurança alimentar e a geração de renda. O SAF permitirá o cultivo de
alimentos para o consumo das famílias e a comercialização de excedentes.
Essas áreas piloto equilibram a restauração da natureza, a
produção de valor e inclusão de grupos sociais. “As unidades demonstrativas
destacam o potencial da restauração em gerar renda e faz sentido para as
comunidades locais”, diz Luciana Alves, Coordenadora de Projetos e Pesquisa do
WRI Brasil. “O caso da Rede de Sementes do Pajeú exemplifica como a
estruturação de redes como essa fortalece mecanismos de comercialização,
mobiliza comunidades e gera renda a partir da restauração”.
As iniciativas são fruto do estudo “Restauração de Paisagens
e Florestas no Bioma Caatinga”, baseado na metodologia Avaliação das
Oportunidades de Restauração (ROAM), desenvolvida pelo WRI. O estudo identifica
áreas prioritárias para ações de recuperação que integrem conservação
ambiental, inclusão social e produção sustentável.
O projeto integra o Programa Raízes da Caatinga, conduzido
pela IDH em parceria com o WRI Brasil e a Diaconia, que apoia municípios nos
estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba a construir pactos pela
produção sustentável, proteção da vegetação nativa e fortalecimento da
governança territorial em paisagens da Caatinga. A ação está alinhada às metas
do pilar Proteger dos Pactos Pajeú Sustentável e Apodi Sustentável, que
integram a estratégia territorial desse programa, visando fortalecer a governança
e impulsionar soluções baseadas na natureza no semiárido nordestino.
Entre as espécies que serão plantadas nas duas unidades
demonstrativas estão: Emburana (Amburana cearenses), angico (Anadenanthera
colubrina), pereiro (Aspidosperma pyrifolium), aroeira-preta (Astronium
urundeuva), catingueira (Cenostigma pyramidale), pombeiro-vermelho (Combretum
lanceolatum), mofunfo (Combretum leprosum), carnaúba (Copernicia prunifera),
xique-xique (Crotalaria sp.), mucunã (Dioclea grandiflora), mulungu (Erythrina
velutina), ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), pau-mocó (Luetzelburgia auriculata),
jurema-branca (Mimosa ophthalmocentra), angico-de-bezerro (Pityrocarpa
moniliformis), embiratanha(Pseudobombax marginatum), saboneteiro (Sapindus
saponaria), juazeiro (Sarcomphalus joazeiro), baraúna(Schinopsis brasiliensis),
craibeira (Tabebuia aurea), pau-jaú (Triplaris gardneriana) e jaramataia (Vitex
gardneriana), entre outras.
Assessoria
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