Nova hidrovia do Rio São Francisco: projeto busca retomar navegação comercial, inativa há 14 anos.
De Petrolina a Pirapora, devem ser transportados produtos
como gesso, drywal e calcário. Quanto ao café, as cargas sairão da cidade
mineira em direção a Juazeiro e Petrolina
A nova hidrovia do Rio São Francisco vai possibilitar a
retomada da navegação comercial de Pirapora, em Minas Gerais, até Petrolina, em
Pernambuco. A operação de cargas pela hidrovia não é realizada no rio desde
2012, devido ao assoreamento de alguns trechos. Ao todo, a via navegável
contará com 1.371 quilômetros de extensão. As informações foram
disponibilizadas pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor).
O Rio São Francisco dispõe de 2,8 mil quilômetros de extensão
e banha 505 municípios brasileiros. As águas do Velho Chico – como é conhecido
o canal - abastecem mais de 11 milhões de pessoas. A projeção é que a
movimentação de cargas pelo rio alcance 5 milhões de toneladas no primeiro ano
de retomada da navegação comercial.
A gestão da hidrovia passará a ser de responsabilidade da
Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) - autoridade portuária
vinculada à Pasta. A expectativa é de que os estudos técnicos sejam iniciados
ainda em junho de 2025. A companhia também deve iniciar os projetos para a
concessão da nova hidrovia, juntamente com a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq).
“Grandes grupos já manifestaram interesse em fazer essa
operação hidroviária. Vamos trabalhar muito nos próximos meses para garantir a
execução do projeto, que é fundamental para o fortalecimento da logística
brasileira e para o desenvolvimento do país, sobretudo da Região Nordeste”,
disse o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
O diretor do Departamento de Navegação e Fomento da
Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação do MPor, Otto Luiz Burlier,
reforça que um comboio de embarcação hidroviária pode substituir até 1,2 mil
caminhões na estrada, o que, segundo ele, contribuiu para a redução da emissão
de CO₂ e o desgaste das rodovias.
“Um dos grandes benefícios da movimentação de cargas ou
transporte por meio de hidrovias é que é muito mais sustentável do que, por
exemplo, meio rodoviário. Cerca de 70% das cargas movimentadas no país são por
meio rodoviário. Então, se a gente migrar para o hidroviário ou navegação de
cabotagem, vamos reduzir a emissão de CO², além de aproveitarmos o potencial
que temos no Brasil de vias navegáveis”, destaca.
Hidrovia do Rio São Francisco: Etapas do projeto
O projeto foi dividido em três etapas. Na primeira, as
intervenções vão se concentrar em um trecho de 604 quilômetros navegáveis,
entre Juazeiro e Petrolina, passando por Sobradinho (BA) e chegando a Ibotirama
(BA). As cargas serão escoadas por rodovias até o Porto de Aratu-Candeias, na
Baía de Todos-os-Santos (BA).
A segunda fase inclui o trecho entre Ibotirama e os
municípios baianos de Bom Jesus da Lapa e Cariacá, com 172 quilômetros
navegáveis. Nessa área, haverá conexão, por meio da malha ferroviária, com os
portos de Ilhéus (BA) e Aratu-Candeias.
Já a terceira etapa prevê a ampliação da hidrovia em mais 670
quilômetros, em um trecho que ligará Bom Jesus da Lapa e Cariacá a Pirapora
(MG).
Hidrovia do Rio São Francisco: produtos transportados
De Petrolina (PE) a Pirapora (MG), devem ser transportados
produtos como gesso, gipsita, drywal, calcário e gesso agrícola. Do município
mineiro, esses itens serão levados para outros estados da região Sudeste. Esses
produtos também terão como destino as divisas entre os estados do Maranhão,
Tocantins, Piauí e Bahia, área conhecida como MATOPIBA.
Em relação à mercadoria que sairá de Juazeiro e seguirá para
Pirapora, o destaque é para açúcar e óleo. Já o sal, extraído no Rio Grande do
Norte, será levado para Remanso (BA), onde, por meio da nova hidrovia, será
destinado ao Sudeste.
Quanto ao café, o trajeto deverá ser o contrário. As cargas
sairão de Pirapora em direção a Juazeiro e Petrolina, para abastecer o
Nordeste.
Milho, soja, algodão, adubo e insumos agrícolas sairão via
terrestre dos municípios baianos de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães rumo à
Ibotirama. Seguirá, pela hidrovia, até Juazeiro, e depois pode ser escoado para
o Porto de Aratu, em Salvador, por rodovia ou ferrovia.
Hidrovia do Rio São Francisco: Instalações portuárias
O projeto também prevê a construção de 17 Instalações
Portuárias Públicas de Pequeno Porte, os IP4. A ideia é que esses terminais
sejam utilizados para o transporte de cargas e passageiros nos estados da
Bahia, Pernambuco e Alagoas.
Do total, seis estão em fase de projeto e 11 em planejamento.
A previsão é de que os editais para os IP4 de Petrolina e Juazeiro sejam
apresentados em setembro, com início das obras em janeiro de 2026.
Fonte: Brasil 61 –
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