Outros dois boletins de ocorrência são registrados contra padre por intolerância religiosa e fala sobre Preta Gil.
Informações foram confirmadas pelos delegados do caso,
Socorro Silva e Danilo Orengo, da Polícia Civil, que investiga a intolerância
religiosa em fala do padre sobre Preta Gil. Procurada, a Diocese de Campina
Grande ainda não falou sobre novas denúncias.
Outros dois boletins de ocorrência foram registrados contra o
padre Danilo César, da cidade de Areial, Agreste da Paraíba, por intolerância
religiosa e uma fala envolvendo a cantora Preta Gil, associando a morte dela à
fé de religiões afro-indígenas. As informações foram confirmadas pela Polícia
Civil ao g1, nesta quinta-feira (31).
De acordo com o delegado Danilo Orengo, delegado da seccional
de Areial, e também com a responsável pelo inquérito policial, a delegada
Socorro Silva, os outros dois boletins de ocorrência foram registrados pelo
mesmo fato e, por isso, serão analisados na mesma investigação.
“Os boletins de ocorrência foram feitos um em Puxinanã, que
foi lavrado na delegacia de Pocinhos, porque Puxinanã é de Pocinhos, e um foi
lavrado em Campina Grande. Mas esses boletins serão encaminhados para a nossa
seccional, porque versam sobre o mesmo fato”, disse o delegado.
Conforme a delegada Socorro Silva, o padre vai ser ouvido no
inquérito. No entanto, as investigações ainda estão na fase de escutar
testemunhas. Só posteriormente o padre será ouvido.
O g1 procurou a Diocese de Campina Grande após os registros
dos novos boletins de ocorrência. A instituição não se pronunciou até a última
atualização desta matéria.
Em nota emitida na quarta-feira (30), a diocese disse que o
sacerdote, através da assessoria jurídica, irá prestar todos os esclarecimentos
necessários aos órgãos competentes”.
Na nota, a diocese reiterou também que está comprometida com
“os direitos constitucionais da liberdade de crença e de culto, da igualdade e
não discriminação religiosa, do direito à honra e à imagem dos mortos e do
princípio da dignidade da pessoa humana”.
A polícia começou as investigações após uma associação de
religiões de matriz afro-indígena denunciar o padre por falas ditas por ele
durante uma missa celebrada no domingo (27), e transmitida ao vivo.
No vídeo de grande repercussão nas redes sociais, o padre
cita o caso da morte da cantora Preta Gil, que faleceu nos Estados Unidos em 20
de julho, vítima de um câncer colorretal, como forma de desdenhar de religiões
de matriz africana.
“Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o
que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você.
Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê
esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, disse durante a
homilia.
O vídeo no qual o padre faz as declarações foi postado
inicialmente no canal do YouTube da Paróquia, em uma transmissão ao vivo, no
entanto o conteúdo foi tirado do ar.
A primeira denúncia
A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe
Anália Maria de Souza emitiu uma nota de repúdio sobre as falas do padre,
condenando a postura. Conforme a associação, ele distorce a religião.
Em contato com o g1, o presidente dessa associação, Rafael
Generino, disse que registrou o Boletim de Ocorrência na Polícia Civil pelo
crime de intolerância religiosa e também informou que vai realizar a denúncia
no Ministério Público da Paraíba (MPPB) sobre as falas do padre.
O presidente do Fórum de Diversidade da Paraíba, Saulo
Gimenez, disse ao g1 que o órgão também condena as falas do padre, pelo teor, e
também pelo local que foi proferida as palavras, o altar da igreja.
O órgão informou que vai continuar acompanhando o caso e vai
prestar suporte à associação, além de "encaminhar às autoridades
competentes para retratação do padre".
Por g1 PB
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