PIX mais seguro: MED 2.0 amplia alcance do rastreio de valores em fraudes.
Nova funcionalidade
permitirá o bloqueio de recursos mesmo após múltiplas transferências,
dificultando a triangulação por criminosos.
O Banco Central está
desenvolvendo uma nova versão do Mecanismo Especial de Devolução (MED),
ferramenta criada para facilitar a restituição de valores transferidos via PIX
em casos de fraude. Batizada de MED 2.0, a atualização deve ser lançada em
fevereiro de 2026.
Com a nova funcionalidade, o
processo de rastreamento do dinheiro oriundo de golpes será ampliado,
aumentando as chances de as vítimas recuperarem os valores perdidos. O
aprimoramento permitirá identificar e bloquear recursos não apenas na conta
diretamente envolvida na fraude, mas também em contas subsequentes que tenham
recebido os valores — dificultando o uso da chamada triangulação por
criminosos, prática comum para disfarçar o caminho do dinheiro.
A expectativa do Banco
Central é que o MED 2.0 reforce a segurança das transações por PIX e
desestimule ações fraudulentas, oferecendo uma resposta mais eficaz às vítimas
e mais obstáculos aos golpistas.
A advogada Ana Francisca
Carvalho, especialista em sistema bancário, fala das vantagens do aprimoramento
do sistema.
“O MED, estabelecido em
2021, é um mecanismo exclusivo do PIX, criado para facilitar as devoluções em
casos de golpes ou fraudes, aumentando as possibilidades de a vítima reaver os
recursos transferidos. Esse mecanismo tem uma crucial importância na sociedade
atual; negociações e transações são realizadas majoritariamente em
ambiente virtual, o que traz praticidade, liberdade financeira, mas maior
vulnerabilidade do cidadão, por delitos cometidos por terceiros de má fé. Por se
tratar o PIX de um pagamento instantâneo, o dinheiro caí de imediato na conta
do recebedor. Então, a agilidade na tomada de providências pelo cliente é o
fator decisivo na possibilidade de êxito na recuperação de valores via MED.
Isso porque o êxito na recuperação da quantia depende da localização de
recursos na conta de destino do PIX, ou seja, na conta de quem recebeu o valor
do PIX. Então, esse aperfeiçoamento, ele vai aumentar as chances de
recuperar os valores”, explicou Ana Francisca.
MED: como funciona
Atualmente, o MED
consegue rastrear apenas a primeira conta para a qual o dinheiro foi
transferido. Com o MED 2.0 será possível seguir o dinheiro transferido por
roubo ou fraude nas cinco transferências seguintes.
O MED funciona da seguinte
maneira: a pessoa que teve o dinheiro roubado reclama na sua instituição;
a instituição avalia o caso e, se entender que faz parte do MED, o recebedor do
seu PIX terá os recursos disponíveis bloqueados na conta.
A seguir, o caso é analisado
em até 7 dias. Se for concluído que não foi fraude, o recebedor terá os
recursos desbloqueados. Se for fraude, em até 96 horas o cliente que fez o PIX
receberá o dinheiro de volta (integral ou parcialmente), a depender dos
recursos existentes na conta do fraudador;
Caso a devolução tenha sido
feita parcialmente, o banco do fraudador deverá realizar múltiplos bloqueios ou
devoluções parciais sempre que forem creditados recursos nessa conta, até que
se alcance o valor total da devolução, ou 90 dias contados a partir da
transação original.
O MED também pode ser
utilizado quando existir falha operacional no ambiente PIX da sua instituição,
por exemplo, se ela efetuar uma transação em duplicidade. Nesse caso, ela
avalia se houve a falha e, em caso positivo, em até 24 horas o dinheiro é
devolvido.
Fonte: Brasil 61 -
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