Ramais do São Francisco levam segurança hídrica a mais de 5 milhões de nordestinos.
Obras como os ramais do Apodi, Salgado e Piancó vão garantir
abastecimento humano, produção agrícola e mais resiliência frente à escassez de
água no semiárido.
Desempenhando um papel fundamental na garantia do acesso à
água em regiões urbanas e rurais, os ramais, tubulações responsáveis por
conduzir água de pontos de alimentação até os locais de consumo, recebem
atenção especial do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional
(MIDR). No Nordeste, as obras, coordenadas pela Secretaria Nacional de
Segurança Hídrica (SNSH), ampliarão a cobertura do Projeto de Integração do Rio
São Francisco (PISF) e vão beneficiar milhões de brasileiros em áreas historicamente
afetadas pela seca.
“O projeto de integração do São Francisco se assemelha ao
sistema circulatório do corpo humano, onde a água, esse líquido vital, cumpre o
papel do sangue”, compara o diretor do Departamento de Projetos Estratégicos
(DPE) da SNSH, Bruno Cravo. “Os dois grandes canais, que chamamos de eixos
estruturantes, o Norte e o Leste, funcionam como artérias principais, levando o
maior volume de água para o semiárido nordestino”, completou.
Segundo Cravo, é a partir desses canais principais que os
chamados ramais associados cumprem um papel estratégico na capilarização do
abastecimento. “Esses ramais seriam como as veias do sistema, levando a água
até áreas específicas onde os grandes eixos não alcançam diretamente. Temos
exemplos como o Ramal do Apodi, do Salgado e Piancó em diferentes estágios de
implantação e operação”, explica. “É por meio deles que conseguimos distribuir
a água do São Francisco por adutoras e sistemas locais, atendendo de forma
racional e eficiente o Nordeste Setentrional”.
Os ramais integram um conjunto de obras que visam promover o
acesso contínuo e seguro à água no Nordeste. Somados aos eixos Norte e Leste do
PISF, esses empreendimentos contribuem diretamente para o desenvolvimento
regional, a inclusão social e o enfrentamento dos efeitos da escassez hídrica.
Ramal do Apodi: água para 45 municípios
Com 115 km de extensão e vazão de 40 m³ por segundo, o Ramal
do Apodi, que está em construção, já atingiu 72% de execução física. A obra
conta com investimento de R$ 1,4 bilhão e deve ser concluída em outubro de
2026. Ao todo, o empreendimento beneficiará 45 municípios na Paraíba e no Rio
Grande do Norte, assegurando água para consumo humano, atividades produtivas e
o fortalecimento da resiliência hídrica regional. O Ramal do Apodi é uma
extensão do Eixo Norte do PISF. A obra está no Novo PAC e vai levar segurança
hídrica principalmente ao oeste potiguar.
Ramal do Salgado: água por gravidade para 5 milhões de
cearenses
Outro projeto fundamental é o Ramal do Salgado, que levará
água ao Ceará a partir do Ramal do Apodi. Com 36 km de extensão e capacidade de
vazão de 20 m³/s, a obra beneficiará 54 municípios cearenses e cerca de 5
milhões de pessoas. O investimento previsto é de R$ 622 milhões, e a conclusão
está programada para junho de 2026.
Além de ampliar o alcance do PISF, o ramal é considerado uma
das soluções estruturantes mais estratégicas para a segurança hídrica no
semiárido cearense, ao permitir a entrega de água com menor consumo energético.
Ramal do Piancó: edital previsto para o fim de 2025
Com investimento estimado de R$ 350 milhões, o Ramal do
Piancó vai reforçar o abastecimento hídrico de 36 municípios, beneficiando
cerca de 350 mil pessoas na Paraíba. O trecho partirá de Mauriti (CE) até o
Açude Condado, com entrega da água diretamente na calha do Rio Piancó. A
estrutura será implantada em duas etapas, com adutoras de ferro fundido de
1.200 mm de diâmetro. A publicação do edital da obra está prevista para o
último trimestre de 2025.
Fonte: Brasil 61 –
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