Com liderança questionada, Motta tem semana decisiva à frente da presidência da Câmara
Parlamentares avaliam que
presidente precisa dar punição exemplar para retomar comando; votar projetos
propostos em reunião é visto como imprescindível. Base quer aproveitar para
emplacar pautas do governo.
Após uma semana turbulenta
marcada pela ocupação da Mesa Diretora no plenário da Câmara, deputados avaliam
que o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) entra em uma semana decisiva para
mostrar que ainda tem autoridade no comando da Casa.
Deputados ouvidos pelo g1
avaliam que já passou da hora de Motta "mostrar liderança na
governabilidade da Casa" e que precisa articular uma punição exemplar
contra os parlamentares envolvidos na trama.
Na sexta-feira (8), a Mesa
Diretora adiou a decisão de pedir a suspensão dos deputados (leia mais abaixo).
A direção preferiu
encaminhar à Corregedoria Parlamentar representações contra 14 parlamentares.
Agora, Motta aguardará um parecer do corregedor, deputado Diego Coronel
(PSD-BA), antes de mandar as representações para o Conselho de Ética.
Os casos dos deputados
Gilvan da Federal (PL-ES) e André Janones (Avante-MG), que tiveram os mandatos
suspensos, foram diretamente ao Conselho de Ética por meio de representações
elaboradas pela Mesa.
Segundo um parlamentar, a
partir de agora o que importa para Motta é "ter atitude de líder" e
se mostrar "dono da discricionariedade".
Um líder reconhece que o
presidente da Câmara ficou "fragilizado" com o episódio, mas que se
"saiu maior ou menor vai depender da próxima semana".
"Os próximos passos que
serão determinantes se ele vai continuar nessa situação. Não é o retrato que
diz qual é o cenário, é a continuidade. O problema é como vai ser semana que
vem", afirmou.
Os deputados avaliam que um
sinal "imprescindível" para Motta é vencer a pauta que será fechada
com os líderes na terça-feira (12) em reunião.
A base governista vê espaço
para pressionar por pautas de interesse do governo, já que o motim foi
articulado pelos deputados bolsonaristas.
Um projeto citado é o que
amplia a faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil, promessa de
campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conforme um parlamentar
ouvido pelo g1, é a hora de aproveitar a semana de calmaria depois da
tempestade, já que "muitos demônios vestirão a roupa de mocinho".
Queixas
Aliados do presidente dizem
que Motta errou ao demorar a chegar em Brasília. O presidente foi à Casa apenas
no dia seguinte ao início da ocupação.
Motta cumpriu agendas na
Paraíba na terça (7) e, mesmo após a ocupação, decidiu manter os compromissos.
Os deputados atribuem ao
presidente o fato de ter deixado a situação chegar ao ponto que chegou.
"As pessoas saíram do
recesso sem querer ter recesso e, quando voltaram, não tiveram nada. Se a pauta
tivesse sido feita, se nós tivéssemos começado a votar e o presidente estivesse
na Casa, não iria ter aquela entrada no plenário", avalia um líder do
Centrão.
Por Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília
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