Dino dá 10 dias para Motta explicar trâmite do PL sobre adultização. Projeto foi aprovado em votação simbólica.
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF),
abriu nesta terça-feira (26) prazo de 10 dias para o presidente da Câmara, Hugo
Motta (Republicanos-PB) explicar como foi aprovada a urgência na votação do
projeto de lei que visa proteger crianças e adolescentes no ambiente de
digital, ou “PL da adultização”, como ficou conhecido.
Dino foi sorteado relator de um mandado de segurança
impetrado pelo deputado Marcos Pollon (PL-MS), que questiona o ato em que Motta
declarou aprovada a urgência da matéria, por votação simbólica, há exatamente
uma semana.
Na petição, Pollon disse que o ato foi realizado com “o
plenário vazio” e argumentou ser imprescindível a votação nominal para a
aprovação da urgência. Para o deputado de oposição, a votação simbólica foi “um
verdadeiro absurdo, um desrespeito aos direitos dos parlamentares pertencentes
àquela casa, uma violação ao direito parlamentar do devido processo legal
legislativo!!!”.
O deputado pediu que seja anulada a aprovação da urgência e,
por consequência, a aprovação subsequente do projeto de lei em si pelo plenário
da Câmara.
Sem entrar no mérito do pedido, Dino afirmou na decisão desta
terça ser necessário ouvir Motta antes de qualquer decisão.
“Reputo indispensável a prévia apresentação das informações
pela autoridade apontada como coatora, a fim de viabilizar exame cauteloso e
adequado das alegações deduzidas pelo Impetrante”, escreveu o ministro.
Ele também abriu prazo para que a Advocacia-Geral da União
(AGU) se manifeste, caso queira.
Entenda
O plenário da Câmara aprovou, na última quarta-feira (20),
também em votação simbólica, o Projeto de Lei (PL) 2628/2022, que estabelece
regras para proteção e prevenção de crimes contra crianças e adolescentes em
ambientes digitais. É o chamado PL contra a "adultização" de
crianças.
De autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), o projeto
foi relatado na Câmara pelo deputado Jadyel Alencar (Republicanos-PI) e contou
com o apoio de centenas de organizações da sociedade civil que atuam com a
proteção das crianças e adolescentes no Brasil.
Com 16 capítulos e 41 artigos, o texto obriga as plataformas
digitais a tomarem medidas "razoáveis" para prevenir riscos de
crianças e adolescentes acessarem conteúdos ilegais ou considerados impróprios
para essas faixas etárias, como exploração e abuso sexual, violência física,
intimidação, assédio, promoção e comercialização de jogos de azar, práticas
publicitárias predatórias e enganosas, entre outros crimes.
O projeto também prevê que a remoção imediata de conteúdos
criminosos por parte das plataformas deve se dar a partir de um processo
específico de notificação.
Comoção nacional
O assunto ganhou força depois do humorista Felipe Bressanim
Pereira, conhecido como Felca, publicar um vídeo, no dia 9 de agosto,
denunciando o influenciador paraibano Hytalo Santos por exploração de pessoas
menores de 18 anos e alertando para riscos de exposição infantil nas redes
sociais.
O vídeo, que já tem quase 50 milhões de visualizações, teve
enorme repercussão no país e mobilizou políticos especialistas, famílias,
autoridades e organizações da sociedade civil em torno da aprovação de uma
legislação protetiva para crianças e adolescentes na internet e redes sociais.
Agência Brasil
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