Brasil dá passo decisivo rumo à certificação internacional de eliminação da transmissão vertical do HIV.
O Brasil dá um passo decisivo rumo à certificação da
eliminação da transmissão vertical do HIV como problema de saúde pública. A
Equipe Regional de Validação da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS)
esteve no país entre 18 e 22 de agosto para checar, em campo, as ações do
Sistema Único de Saúde (SUS) que sustentam o pedido brasileiro pela
certificação. A agenda incluiu visitas a serviços em Porto Alegre e Santa Cruz
do Sul (RS), São Paulo (SP), Salvador (BA), Anápolis (GO), Brasília (DF),
Ariquemes e Cacoal (RO).
Os resultados mais recentes mostram que o país está preparado
para este reconhecimento: em 2023, a taxa de transmissão do HIV de mãe para
bebê ficou abaixo de 2% e a incidência da infecção em crianças foi inferior a
0,5 caso por mil nascidos vivos. A mortalidade por aids caiu para 3,9 por 100
mil habitantes, a menor desde 2013. Nos anos de 2023 e 2024, o Brasil superou
95% de cobertura de pelo menos uma consulta de pré-natal, de testagem de HIV em
gestantes e de tratamento das gestantes que vivem com HIV. A prevenção também
avançou, com 184.619 pessoas em uso de PrEP em 2025 e a ampliação dos testes
rápidos “duo” para HIV e sífilis no pré-natal, acelerando o diagnóstico e o
cuidado.
“O caminho até aqui foi construído com planejamento, ciência
e participação social”, afirmou o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em 3 de
junho de 2025, durante a abertura do XV Congresso da Sociedade Brasileira de
Doenças Sexualmente Transmissíveis, XI Congresso Brasileiro de Aids e VI
Congresso Latino-Americano de IST/HIV/Aids, no Rio de Janeiro, quando entregou
à OPAS/OMS o Relatório de Validação que embasa o pedido de certificação do
Brasil.
Após análise técnica, o país foi considerado apto a avançar
no processo. Nos dias 13 e 14 de agosto, ocorreram reuniões virtuais com a
Equipe Regional de Validação, quando o Ministério detalhou as ações conduzidas
de forma tripartite, com participação de estados e municípios, comunidade
científica, sociedade civil e instituições parceiras. As discussões seguiram os
quatro eixos exigidos pela certificação: programas e serviços de saúde;
vigilância epidemiológica e qualidade dos dados; capacidade diagnóstica e
qualidade dos testes; e direitos humanos, igualdade de gênero e participação
comunitária.
A agenda no Brasil aprofunda essa checagem em campo. Três
equipes da OPAS/OMS validam dados e rotinas assistenciais, ouvindo
profissionais, gestores e usuários do SUS nos territórios. Essa mobilização
nacional integra o compromisso do Brasil com a eliminação da transmissão
vertical de HIV, sífilis, hepatite B, doença de Chagas e HTLV, apoiado pelo
Pacto Nacional para a Eliminação da Transmissão Vertical (pactuado em 2022) e
pelo Programa Brasil Saudável, que estabelece metas até 2030.
O esforço também já gera resultados locais: o Brasil adaptou
o processo internacional para certificações subnacionais e, hoje, 151
municípios e sete estados alcançaram algum tipo de certificação ou selo. São
228 certificações municipais vigentes — 139 relativas à transmissão vertical do
HIV — e 10 certificações no âmbito estadual. Para 2025, estão previstas novas
concessões em cerca de 70 municípios e 10 estados, estimulando a qualificação
da linha de cuidado materno-infantil em todo o país.
Amanda Milan/Ministério da Saúde
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