Derrubada de MP é derrota imposta ao povo brasileiro, diz Lula.
Presidente diz que
adversários querem limitar programas sociais
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva criticou na noite desta quarta-feira (8) a decisão do plenário da
Câmara dos Deputados de retirar de pauta a votação da Medida Provisória (MP)
1303/2025, que taxaria rendimentos de aplicações financeiras e apostas esportivas
e compensaria a revogação de decreto que previa aumento do Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF).
A MP precisava ser aprovada
até esta quarta-feira (8) para não perder a eficácia. Com a retirada da pauta,
o texto caducou.
"A decisão da Câmara de
derrubar a medida provisória que corrigia injustiças no sistema tributário não
é uma derrota imposta ao governo, mas ao povo brasileiro. Essa medida reduzia
distorções ao cobrar a parte justa de quem ganha e lucra mais. Dos mais ricos.
Impedir essa correção é votar contra o equilíbrio das contas públicas e contra
a justiça tributária", escreveu o presidente em uma postagem nas redes
sociais.
Lula ainda atribuiu o revés
sofrido a interesses da oposição e de partidos de centro em inviabilizar a
manutenção de programas sociais do governo.
"O que está por trás
dessa decisão é a aposta de que o país vai arrecadar menos para limitar as
políticas públicas e os programas sociais que beneficiam milhões de
brasileiros. É jogar contra o Brasil".
Considerada essencial para o
equilíbrio fiscal de 2026, a MP previa a tributação de fundos de investimento e
regras específicas para a tributação de ativos virtuais, operações em bolsa,
empréstimos de ativos e investidores estrangeiros. Originalmente, a expectativa
era que o texto elevasse a arrecadação do governo em R$ 20,8 bilhões e
reduzisse outras despesas em mais de R$ 10 bilhões.
No entanto, para avançar na
comissão especial e poder seguir a plenário, o relator da medida, deputado
federal Carlos Zarattini (PT-SP), chegou a costurar acordos com diferentes
bancadas para excluir a tributação de bets e aplicações em Letras de Crédito do
Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito de
Desenvolvimento (LCD). A versão original da MP previa a taxação da receita
bruta das bets regularizadas com alíquota entre 12% e 18%. Já as aplicações de
LCI, LCA e LCD teriam alíquota de 5%. Nem assim, a MP prosperou.
Na votação que retirou a MP
de pauta, foram 251 votos favoráveis e 193 contrários ao pedido, apresentado
pela oposição.
Mais cedo, antes da votação,
o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou que o Congresso Nacional
cumprisse o acordo firmado com o governo federal para aprovação da MP. Haddad
disse que o governo manteve diálogo com os parlamentares e que fez concessões.
No entanto, os partidos do centrão já vinham se posicionando ostensivamente
contra a medida e celebraram a derrubada da MP em plenário.
"Hoje ficou claro que a
pequena parcela muito rica do país não admite que seus privilégios sejam
tocados. Não querem pagar impostos como a maioria dos cidadãos. E não querem
que o governo tenha recursos para investir em políticas para a população. Quem
votou na Câmara para derrubar a MP que taxava os super ricos votou contra o
país e o povo", criticou a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de
Relações Institucionais (SRI) da Presidência, responsável pela articulação
política do governo.
Agência Brasil


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