Lula sanciona gratuidade em conta de luz para famílias de baixa renda.
Medida atende 60 milhões de pessoas; outras 55 milhões terão
desconto
A conta de luz gratuita para famílias de baixa renda que
consomem até 80 quilowatts-hora (kWh) se converteu em lei definitiva nesta
quarta-feira (8), após sanção presidencial da Medida Provisória 1.300/25, que
instituiu o programa Luz do Povo. O evento no Palácio do Planalto contou com a
presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Instituída pelo governo em maio, a MP tramitou por quatro
meses no Congresso Nacional, até sua aprovação definitiva, no mês passado.
A gratuidade deve beneficiar 4,5 milhões de famílias
inscritas no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico) com renda familiar
mensal por pessoa menor ou igual a meio salário mínimo. Pelo texto, também
recebem a tarifa social as famílias que recebem o Benefício de Prestação
Continuada (BPC), além de indígenas e quilombolas de baixa renda. Ao todo,
serão 60 milhões de pessoas atendidas diretamente pela gratuidade.
"A proteção social é necessária até que o Brasil consiga
aumentar a base de arrecadação com justiça tarifária, aumentando a renda de
todos para chegarmos ao país no qual todos sonhamos", afirmou o ministro
de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
A nova tarifa social da energia já estava valendo desde
julho, uma vez que MP tem efeito imediato, mas precisava de aprovação do
Parlamento para se tornar lei. A partir de janeiro de 2026, para famílias que
registrarem consumo de até 120 kWh, os descontos devem chegar a 12% na conta de
luz, alcançando cerca de 55 milhões de beneficiários.
Pelo texto, agora convertido na Lei 15.235/2025, a isenção
será bancada pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo financiado
pelo conjunto dos consumidores para sustentar políticas públicas no setor de
energia.
Por outro lado, poderá ser cobrado das famílias outros custos
não associados à energia consumida, como a contribuição de iluminação pública e
o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de acordo com a
lei de cada estado ou município.
Entre os itens que ficaram de fora do texto da MP original,
por decisão do Parlamento, estão as tarifas diferenciadas por horário e mudança
em critérios de preços nas operações de energia de curto prazo.
Dívidas de hidrelétricas
Proposto pelo relator da MP na Câmara, deputado Fernando
Coelho Filho (União-PE), foi incluído um desconto para dívidas de geradoras
hidrelétricas com a União. As parcelas reduzidas a vencer implicam em uma
renúncia fiscal ao governo de cerca de R$ 4 bilhões, segundo o relator.
Ainda segundo a nova medida, o custo de energia mais alto das
usinas nucleares será rateado entre todos os consumidores por meio de adicional
tarifário, exceto para os consumidores de baixa renda. Até então, esse custo
era concentrado em contratos específicos. A mudança passa a valer a partir de
1º de janeiro de 2026.
Em relação ao setor de irrigação e aquicultura, o texto acaba
com o horário fixo das 21h30 às 6h para desconto de energia concedido a essas
atividades e também com período contínuo, cabendo definição de horário com a
distribuidora segundo parâmetros do governo.
Pontos retirados
Diversos pontos previstos na MP original do Executivo foram
retirados na tramitação da matéria pelo Congresso Nacional. Alguns dispositivos
retirados foram transferidos, por acordo entre líderes, para a MP 1.304/25,
ainda em discussão.
Entre eles, a escolha do fornecedor de energia pelo
consumidor residencial e comercial, a atuação da Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE) no mercado de gás e o fim de incentivos à energia de
fonte alternativa. O ministro Alexandre Silveira disse esperar que haja avanços
no Congresso.
"Eu tenho absoluta convicção que vai convergir os
interesses e vai entregar ao povo brasileiro, como a liberdade para consumidor
escolher as empresas fornecedoras de energia, quebrando o monopólio das nossas
distribuidoras. Isso é energia mais barata para a classe média. Quem compra
hoje energia no mercado livre com 20% mais barato que a classe média e os mais
pobres que consomem no mercado regulado", destacou o ministro.
Agência Brasil


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