Técnicos em perícia e necrotomistas da Polícia Civil lutam por reconhecimento na Paraíba.
Eles lidam com o silêncio
que sobra depois da tragédia. Com o que ninguém vê. E acompanham o presenciar
do fim de vidas, buscando fotografias, vestígios, fragmentos de história para
que a justiça possa encontrar um caminho. São os Técnicos em Perícia e os Necrotomistas
da Polícia Civil da Paraíba: trabalhadores que dedicam suas vidas profissionais
a uma missão pesada, dolorosa, porém imprescindível para a segurança pública e
para garantir o direito à verdade da sociedade.
Em novembro de 2023, foi
sancionada a Lei nº 14.735, conhecida como Lei Orgânica Nacional das Polícias
Civis, que estabeleceu novas diretrizes para os quadros das Polícias Civis em
todo o Brasil. Segundo o artigo 19, inciso III, apenas delegado de polícia,
oficial investigador de polícia e perito oficial criminal passam a integrar o
quadro de servidores de nível superior. Isso deixa de fora cargos essenciais da
polícia científica, como técnicos em perícia e necrotomistas, gerando
insegurança jurídica e incerteza quanto a status, remuneração e reconhecimento
profissional. Na Paraíba, esses profissionais já fazem parte do quadro da
Polícia Civil, desempenhando funções indispensáveis para a justiça criminal.
Os técnicos em perícia
registram cenas de crime: executam fotografias forenses, coletam vestígios,
manuseiam corpos em situações de mortes suspeitas ou violentas, e organizam
provas materiais que serão analisadas por peritos. Cada fragmento preservado,
cada imagem bem documentada pode fazer a diferença entre o culpado ser
condenado ou sair impune; pode ser o fio que conduz ao autor ou que o desvenda.
Os necrotomistas realizam
necropsias, identificam causas de morte, coletam amostras biológicas,
fragmentos de tecidos e fluidos indispensáveis para exames tanatoscópicos,
toxicológicos e histológicos. Esses laudos são peças centrais nos inquéritos
policiais, embasam decisões judiciais, dão voz às vítimas, trazem consolo às
famílias e fornecem segurança à sociedade de que a impunidade não será o
destino.
Apesar da importância, esses
profissionais estão fora do quadro e estão reivindicam o reconhecimento legal:
que seus cargos sejam adequados, renomeados ou enquadrados como Peritos
Oficiais Criminais, seguindo os preceitos da Lei Federal nº 14.735/2023, para
assegurar que seu trabalho, suas responsabilidades e sua dignidade sejam
reconhecidos formalmente.
“Temos caminhado firmes
nessa luta pela adequação legal dos nossos cargos. É um anseio de todos os
técnicos em perícia e necrotomistas da Paraíba. Queremos que a Lei Federal não
seja apenas um texto distante, mas algo que transforme nossa realidade,
garantindo reconhecimento, justiça interna e dignidade”, disse o presidente da
Atenepol, Bruno Vianna.
Segundo ele, os Técnicos em
Perícia e os Necrotomistas da Polícia Civil da Paraíba não pedem privilégios.
Pedem reconhecimento justo, legal, do papel essencial que cumprem. “A justiça e
cidadania exigem que todos os elos do sistema de segurança pública sejam
reconhecidos e respeitados”, afirmou Bruno Vianna.
Assessoria
Nenhum comentário