Aluna de Picuí é empossada como ativista global do Unicef durante COP30
Maria Isabel Liberato veio
de comunidade quilombola e integra diversos conselhos de defesa dos direitos da
infância
A estudante do Campus Picuí
do Instituto Federal da Paraíba, Maria Isabel Liberato, foi empossada como nova
ativista global do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) durante a
30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que começou dia 10 e
vai até 21 de novembro, em Belém, no Pará. Isabel faz o segundo ano de
Informática no Ensino Médio Integrado ao Técnico no IFPB, tem 17 anos, mas já
carrega uma grande bagagem como ativista em diversos conselhos relacionados aos
direitos das crianças e adolescentes.
Ela foi escolhida junto com
outros 17 jovens brasileiros que fazem parte dos Núcleos de Cidadania de
Adolescentes (NUCAs) instalados nos municípios que tem o Selo do Unicef. Isabel
também integra o Conselho Jovem do Unicef Brasil e por isso foi convidada para
o curso de Formação em Jovens Lideranças Climáticas, uma pré-seleção de 50
participantes de todo o Brasil. Isabel conta que o curso preparatório levou
sete semanas e a partir daí o Unicef escolheu aqueles que iriam representar o Brasil
na COP30. São jovens de seis estados brasileiros. O principal interesse dela é
na pauta do racismo ambiental e na mitigação da crise climática para crianças e
adolescentes.
Segundo Isabel, a
experiência na COP30 está sendo inesquecível. Ela diz que perambulou bastante
pela Zona Azul, onde ficam autoridades mundiais, ministros, políticos e que é
muito importante ser uma voz dos adolescentes no meio daqueles que tomam as
decisões. “Ser adolescente aqui no meio e puder trazer um pouco da visão do que
é ser adolescente no meio deles porque somos os mais afetados pelas mudanças
climáticas e não se pensa na infância e adolescência no presente”, destacou.
A jovem do Seridó revela que
seu ativismo começou desde o exemplo da família que vem da Comunidade Quilombola
do Abreu. “Eu considero que meus pais também são ativistas, porque sempre se
movimentaram em prol de causas importantes. Desde pequena, cresci vendo essa
mobilização, principalmente pela garantia dos direitos das pessoas com
deficiência — até porque meu pai é surdo. Então, meu ativismo começou com eles,
praticamente desde que nasci. Com o tempo, ele foi se transformando e ganhando
novos rumos, sendo impulsionado especialmente pelas pautas dos direitos de
crianças e adolescentes e pelo ativismo climático. Eu não me inscrevi para
participar dessa formação; fui convidada pelo Unicef em reconhecimento à minha
atuação nas redes, comitês, no território e ao meu comprometimento com essas
causas”, destaca Isabel.
Entre as redes que ela faz
parte estão o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda), onde integra o Conselho de Participação de Adolescentes (CPA), e
também a representação estadual. Esse ano, Isabel foi eleita para representar o
Brasil na Rede Sul de Adolescentes (Rede SURCA) nas Reuniões de Altas
Autoridades em Direitos Humanos do Mercosul (RAADH).
Na COP30, Isabel tem agendas
para Cúpula dos Povos, e para painéis na Zona Azul e Zona Verde. “São pessoas
de 191 países e milhares de discussões diferentes sobre mudanças climáticas e
poder estar com essas pessoas e conhecer outras identidades e formas de mitigar
as mudanças climáticas a partir das realidades é muito legal”, comemorou a
jovem.
Além do papel do NUCA da
Unicef em Picuí, Isabel considera que o IFPB tem um peso importante em sua
trajetória como ativista. “Considero que o IFPB também faz parte dessa
caminhada. Através do curso de Informática, consigo desenvolver projetos de
tecnologia sustentável que contribuem não só para mim, mas também fortalecem
minha comunidade, promovem inovação e me proporcionam muito aprendizado. Essa
formação também se estende por meio de espaços como o NEABI (Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiros e Indígenas) e o Grêmio, que ampliam meu olhar”, comentou.
A última conquista no IFPB
foi o primeiro lugar de seu projeto obtido na Feira de Ciências que vai
possibilitar o financiamento da iniciativa que é na área de meio ambiente e
sustentabilidade. “Eu já participava de iniciativas voltadas à cidadania desde
o ensino fundamental, mas o IFPB teve e continua tendo um papel essencial na
minha trajetória. O acesso a uma educação de qualidade e transformadora
realmente muda vidas. Eu, por exemplo, sou poliglota, e isso tem sido uma
ferramenta poderosa nesses espaços nacionais e internacionais. Poder me
comunicar em diferentes línguas, sair do país, fazer trocas, compartilhar
experiências e entender as realidades de outras pessoas é algo que torna o
aprendizado ainda mais bonito e significativo”, ressaltou Maria Isabel.
Por Ana Carolina Abiahy



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