Por unanimidade, STF torna Eduardo Bolsonaro réu por atuação nos EUA
Próximo passo será abertura
de uma ação penal contra o deputado
Por unanimidade, os
ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram tornar
o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) réu pelo crime de coação no curso
do processo, por sua atuação no Estados Unidos, onde reside desde março deste ano.
Neste sábado (15), a ministra Cármen Lúcia fez seu voto no plenário virtual
para aceitar a denúncia e, agora, deve ser aberta ação penal contra Eduardo.
Em setembro, o filho do
ex-presidente Jair Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República
(PGR) no inquérito que apurou a atuação do parlamentar junto às autoridades
estadunidenses para fazer pressão sobre julgamento que condenou seu pai por
tentativa de golpe de Estado. Nos últimos meses, o governo de Donald Trump
aplicou sanções como o tarifaço contra as exportações brasileiras, a suspensão
de vistos de ministros do governo federal e ministros do STF e sanções
financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes.
A investigação contra
Eduardo Bolsonaro foi conduzida pela Polícia Federal que indiciou o
parlamentar.
Com a decisão do STF, o
próximo passo será a abertura de uma ação penal. Durante a instrução do
processo, o deputado poderá indicar testemunhas, apresentar provas de inocência
e pedir diligências específicas que sejam interessantes para sua defesa.
Em março deste ano, Eduardo
pediu licença do mandato por 120 dias e foi morar nos Estados Unidos com a
família, sob a alegação de perseguição política. Desde dia 20 de julho, quando
a licença terminou, o deputado não comparece às sessões e poderá ser cassado
por faltas.
Julgamento
O julgamento no Plenário
Virtual do STF começou às 11h desta sexta-feira (14) e, no fim do dia, os
ministros já formaram maioria para tornar Eduardo Bolsonaro réu. Para o relator
do caso, o ministro Alexandre de Moraes, existem provas de que o deputado
participou das articulações para o governo dos Estados Unidos aplicar as
sanções.
“A grave ameaça materializou-se pela
articulação e obtenção de sanções do governo dos Estados Unidos da América, com
a aplicação de tarifas de exportação ao Brasil, suspensão de vistos de entradas
de diversas autoridades brasileiras nos Estados Unidos da América e a aplicação
dos efeitos da Lei Magnitsky a este ministro relator”, diz no relatório.
Acompanharam o voto do
relator os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin e, hoje, a ministra Cármen
Lúcia. Apesar de os quatro ministros da Primeira Turma já terem votado pelo
recebimento da denúncia, a análise vai até 25 de novembro, quando eles ainda
podem mudar de voto, pedir vista ou levar o caso ao plenário.
A turma está com apenas
quatro ministros. Com saída de Luiz Fux para a Segunda Turma do STF, uma
cadeira está vaga e só será preenchida após o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva indicar um ministro para suceder Luís Roberto Barroso, que se aposentou.
Defesa
Ainda nesta sexta-feira,
pelas redes sociais, Eduardo Bolsonaro classificou o voto de Moraes como
"caça às bruxas".
"Moraes vota para me
tornar réu. Outros candidatos anti-establishment, como o próprio Jair
Bolsonaro, e favoritos ao Senado sofrerão a mesma perseguição. É o sistema se
reinventando para sobreviver. Tudo que sei é via imprensa, já que jamais fui
citado. Por que Moraes não usa os canais oficiais com os EUA?", escreveu.
A defesa de Eduardo
Bolsonaro foi feita pela Defensoria Pública da União (DPU). Durante a
investigação, Moraes determinou a notificação do deputado, mas ele não
constituiu advogado nem apresentou defesa.
No fim de outubro, a DPU
pediu a rejeição da denúncia, argumentando que o deputado não é autor das
sanções e que suas manifestações são “exercício legítimo da liberdade de
expressão e do mandato parlamentar”.
Agência Brasil


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