Voto distrital misto volta à pauta da Câmara e reacende debate sobre reforma eleitoral.
O voto distrital misto
voltou à pauta da Câmara dos Deputados, impulsionado por uma articulação do
presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A proposta (PL 9212/2017)
prevê a adoção do novo modelo eleitoral a partir de 2030 e reacende o debate
sobre uma reforma política mais ampla no país — tema que conta com o apoio da
Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB).
Representando mais de 2.300
associações comerciais em mais de dois mil municípios, a CACB defende que o
sistema distrital misto pode aproximar eleitores e parlamentares, fortalecendo
a relação entre a sociedade e a classe política.
O presidente da CACB,
Alfredo Cotait Neto, afirma que o modelo “harmoniza e tranquiliza o ambiente
político”. Ele reforça que o engajamento dos associados junto aos deputados
federais é essencial para garantir que o texto avance no Congresso.
Na avaliação da CACB, o voto
distrital misto — que combina a representatividade distrital com a proporcional
— oferece maior diversidade na composição do Parlamento e pode contribuir para
a construção de uma representatividade política mais responsável e eficaz.
Entre os principais benefícios apontados pela entidade estão:
Fortalecimento do vínculo
entre eleitor e representante;
Aumento da responsabilidade
política com a base local;
Redução dos custos de
campanha.
O movimento de Hugo Motta,
em parceria com o deputado Domingos Neto (PSD-CE), relator da matéria, marca a
retomada do debate – interrompido desde 2017. Em entrevista à CNN, Motta
afirmou que pretende priorizar a tramitação da proposta ainda neste ano.
Diminuição de candidaturas
O relator, deputado Domingos
Neto, tem defendido que o modelo promove a diminuição do número de candidatos e
um maior entrosamento destes com os eleitores. Domingos Neto (PSD-CE)
destaca o papel da adoção do voto distrital na diminuição das candidaturas:
"Quando você diminui
isso para um distrito, onde cada partido só vai poder lançar um candidato a
deputado federal naquele distrito, passa a ter uma relação eleitoral como a de
prefeito – onde vai ser cobrado, onde vai ser discutido quais são as propostas,
onde vai poder ouvir a todos, diminui o número de candidatos. Isso vai também
permitir uma inovação, que será ter debate para deputado
federal", diz o relator.
O texto-base é um projeto de
autoria do ex-senador José Serra (PSDB-SP), aprovado pelo Senado e enviado à
Câmara em 2017. Na justificativa da matéria, Serra também defendeu o papel da
mudança da redução de candidaturas e, consequentemente, dos gastos com
campanhas eleitorais.
O objetivo da mudança é
sanar problemas como o custo excessivo das campanhas e a falta de identificação
do eleitor com representantes e partidos.
Para a CACB, a redução do
número de partidos no legislativo deve facilitar a governabilidade.
Entenda o voto distrital
misto
A proposta (PL 9212/2017)
altera a forma de eleger deputados federais, distritais, estaduais e vereadores
com a adoção do voto distrital misto.
Cada distrito escolhe um
único representante, baseado na maioria dos votos. Na prática, o eleitor vai
fazer duas escolhas na urna: o candidato de seu respectivo distrito e o partido
de sua preferência.
A competência de delimitar
os distritos — que deverão ser geograficamente contíguos — será da Justiça
Eleitoral. A divisão deve seguir como critério o número de habitantes.
O texto estabelece que cada
partido poderá registrar apenas um candidato e seu suplente por distrito
eleitoral. Conforme a justificativa, em cada estado ou município (a chamada
circunscrição eleitoral), haverá distritos em número correspondente à metade do
número de cadeiras da circunscrição – sendo arredondados para baixo no caso de
números fracionários.
Por exemplo, caso um estado
tenha nove cadeiras de deputado federal, quatro serão escolhidas na modalidade
do voto distrital.
Os candidatos serão eleitos,
portanto, pelo voto distrital – sendo o que tenha obtido a maioria dos votos
válidos; e pelo voto proporcional. O resultado das eleições deve refletir as
proporções do voto partidário, obedecendo a Constituição.
As cadeiras do legislativo
serão preenchidas primeiro pelos candidatos eleitos pelo voto distrital.
Esgotadas essas vagas, as cadeiras remanescentes serão distribuídas entre os
parlamentares dos partidos mais bem votados.
Debate no Congresso
O debate atrelado ao Voto
Distrital Misto se estende no Congresso há anos, com projeto tramitando desde
2017. No início de 2025, o presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos/PB)
anunciou que seria criada uma comissão especial destinada a discutir o
tema.
Agora, o texto aguarda
parecer do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC).
Fonte: Brasil 61 –


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