Jaçanã, Coronel Ezequiel e outros: MP move ação contra leis que regulamentam bets em 17 cidades do RN
MP sustenta que a
Constituição Federal estabelece, de forma privativa, a competência da União
para legislar e explorar serviços de loterias e sorteios.
O Ministério Público do Rio
Grande do Norte (MPRN) ajuizou Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) no
Tribunal de Justiça questionando a validade de leis que regulamentam a operação
de bets mais 17 municípios potiguares.
Na semana passada, o MP
também abriu uma ADI contra a lei municipal de Bodó, na região Seridó potiguar,
que instituiu o Serviço Público de Loteria Municipal, conhecido como LotSeridó.
A investigação do caso em Bodó culminou com o bloqueio de R$ 145 milhões pela
Justiça.
Na nova ação, o MP contesta
as normas na seguintes cidades:
Encanto;
Angicos;
São Vicente;
São Bento do Trairi;
Lajes Pintadas;
Tibau;
Marcelino Vieira;
Venha-Ver;
Portalegre;
Itaú;
Apodi;
Coronel Ezequiel;
Rafael Fernandes;
Itajá;
José da Penha;
Jaçanã;
e São Tomé.
O objetivo da ação, segundo
o MP, é combater a proliferação de loterias municipais criadas com o intuito de
amparar a exploração de apostas de quota fixa – popularmente conhecidas como
bets.
O principal argumento do
órgão é a inconstitucionalidade por invasão de competência.
O MP sustenta que a
Constituição Federal estabelece, de forma privativa, a competência da União
para legislar e explorar serviços de loterias e sorteios.
"Esta posição está
consolidada e pacificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Súmula
Vinculante nº 2, que proíbe expressamente os Municípios de explorarem tais
serviços. Para o MPRN, a criação dessas loterias municipais não se justifica
por um 'interesse local' e desrespeita o pacto federativo, pois a complexidade
regulatória e a fiscalização de jogos e apostas exigem uma atuação em âmbito
nacional", argumentou o órgão.
O MPRN pediu, em caráter de
urgência, a concessão de medida cautelar para a suspensão imediata da vigência
e eficácia das leis municipais questionadas nos 17 municípios. O objetivo é
impedir que a exploração irregular das apostas continue a operar sob um falso
manto de legalidade e evitar prejuízos à ordem pública e econômica.
Ausência de fiscalização
As ações judiciais do
Ministério Público citam que, ao autorizar modalidades lotéricas e, por
consequência, a operação das bets, as leis municipais criaram um vácuo de
fiscalização.
Segundo o MP, a
regulamentação e o credenciamento das operadoras de apostas de quota fixa são
atribuições do Ministério da Fazenda, no âmbito federal.
"A ausência dessa
fiscalização abre uma brecha perigosa para a ocorrência de crimes como lavagem
de dinheiro, induzimento à especulação, exploração de jogos de azar não
autorizados e fraudes contra a economia popular e o consumidor", informou
o órgão.
O MP informou que essas
ocorrências já foram observadas em esquemas semelhantes que usaram as loterias
municipais como fachada para dar uma aparente legalidade às plataformas de
apostas online.
Por g1 RN


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