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PALAVRA DO SENHOR – Produzi frutos que provem a vossa conversão.

 

A Igreja proclama “Maranatha” que quer dizer: Vem, Senhor! E este é o cântico de sempre. Contudo, são Pedro recorda que a nossa esperança não é passiva, mas serena e operosa (cf. 1Pe 1, 3). O caminho do Advento ensina que não somos meros viajantes neste mundo, mas peregrinos da esperança, pois caminhamos ao encontro de Deus e construtores do Seu Reino.

A espiritualidade do Advento ajuda a renovar a nossa vida batismal na medida em que escutamos, hoje, o apelo à CONVERSÃO, pois não existe santidade sem conversão. O apóstolo Pedro dizia que a “regeneração” fornece “esperança vida”. Em Cristo, nascemos de Deus (cf. Jo 1, 13) e a salvação muda o que somos (2Cor 5, 17) tornando-nos MORTOS PARA O PECADO E VIVOS PARA A JUSTIÇA DE DEUS (cf. Ef 2,5).

Na 1ª Leitura (Is 11,1-10), o profeta Isaías propõe, numa linguagem poética, a convicção do projeto de Deus em favor de Seu povo. Irá chegar um “ungido” de Javé, nascido da família do rei Davi. Ele inaugurará um reino de justiça e de paz sem fim. A promessa é de inaugurar um mundo belo e harmonioso: “o lobo viverá com o cordeiro e o leopardo dormirá com o cabrito; o bezerro e o leão andarão juntos e um menino os poderá conduzir. A vaca e o urso pastarão lado a lado e o leão comera feno com o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora” (v.v. 6-7). Eis ai a utopia do Reino que nos permite dizer que o Menino de Belém realizará essa janela de sonho concreto. O REINO DE DEUS É FEITO DE DIVERSIDADE E HARMONIA.

Na 2ª Leitura (Rm 15,4-9), o apóstolo Paulo lembra algumas exigências que nascem do compromisso da vida nova em Cristo. Sendo o rosto visível de Cristo, os cristãos devem dar testemunho de união, de harmonia, de fraternidade, ajudando os irmãos mais frágeis e sendo sinal deste novo mundo que Cristo veio inaugurar.

No Evangelho (Mt 3,1-12), João Batista exorta aos que vão procurá-lo no rio Jordão que a concretização do Reino de Deus está próxima (v. 1). Para acolher o Enviado de Deus e o Reino por Ele anunciado é fundamental a conversão. Quem se coloca na dinâmica da conversão estará mais preparado para acolher o Reino de Deus e apto a fazer parte da comunidade do Messias.

“Esta é a voz que grita no deserto”. João Batista foi profetizado por Isaías como aquele que vinha preparar os caminhos do Senhor. João Batista tem consciência de seu papel e sabe que ele é a voz, mas a Palavra é a de Cristo. Ele conclamava uma conversão e uma mudança de mentalidade que ele mesmo dava testemunho. Muitas vezes suas pregações tinham palavras duras e claras que falavam de um juízo iminente para tentar preparar o caminho do Senhor. Mas, “a árvore que não dar frutos seria cortada e jogada fora” (v.10).  

João sentia e percebia a hipocrisia de quem se julgava preservado apenas por pertencer ao povo de Israel (povo eleito). Por isso, a dura advertência: “Raça cobras venenosas, quem vos ensinou da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão” (v.v. 7-8). Diante de Deus ninguém tem títulos e conquistas materiais para se exaltar, mas pelos frutos que provem a nossa conversão. As atitudes do dia-a-dia, as lutas para que a justiça do Reino de Deus aconteça, definem o nosso destino eterno. 

“Produzi frutos que provem a vossa conversão” (v. 8). Enquanto os fariseus e os saduceus vivam se gabando por se considerarem filhos de Abraão, João Batista é muito enfático em decepcioná-los: “Deus pode fazer até as pedras se tornarem filhos de Abraão” (v. 9). A questão não é ser Filho de Abraão, mas se tornar Filhos de Deus, em Jesus, em sua Palavra, acolhendo o seu Reino. É praticando a justiça do Reino de Deus anunciado por Jesus que nos tornamos filhos e filhas de Deus.

O batismo (banho) significa uma limpeza e purificação de nossas ações más. Viver o batismo é procurar arrancar o pecado de nós desde a raiz. É preciso dizer as pessoas de nosso tempo que a Celebração do Batismo (como em outros sacramentos) não é um evento social, mas a nossa adesão ao Reino e a efetiva santificação da graça de Deus me nós. O batismo exige a nossa colaboração para que a santidade do Reino aconteça “em nós” e “por meio de nós”.

João Batista quando diz que muitos vales precisam ser nivelados e muitos montanhas rebaixadas, nos faz recordar a utopia da primeira leitura de hoje. Há muitas montanhas que nos impedem de nos vermos uns aos outros, vales profundos que impedem a reconciliação e a paz. A conversão é uma luta diária que nos acorda de nossas acomodações. A conversão é uma ação de toda a nossa existência. Recordemos que “no entardecer da vida, seremos julgados pelo amor” (São João da Cruz).

Boa semana!

 

Edjamir Silva Souza

Padre e Psicólogo

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