MEC entrega base curricular do ensino médio para análise de conselho.
A Base Nacional Comum
Curricular do ensino médio (BNCC) foi entregue nesta terça-feira (3) pelo
ministro da Educação, Mendonça Filho, ao Conselho Nacional de Educação (CNE). O
documento vai orientar os currículos dessa etapa e estabelecer as habilidades e
competências que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo do ensino médio
em cada uma das áreas.
O texto entregue pelo MEC
organiza a BNCC do ensino médio por áreas do conhecimento: linguagens,
matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Apenas as disciplinas de
língua portuguesa e matemática aparecem como componentes curriculares, ou seja,
disciplinas obrigatórias para os três anos do ensino médio.
Os alunos deverão cobrir
toda a BNCC em, no máximo, 1,8 mil horas-aula. As 1,2 mil horas restantes devem
ser dedicadas ao aprofundamento no itinerário formativo de escolha do
estudante. Esses itinerários serão desenvolvidos pelos estados e pelas escolas,
e o MEC vai disponibilizar nos próximos meses um guia de orientação para apoiar
a elaboração dos mesmos.
As escolas poderão oferecer
itinerários formativos em cada uma das áreas do conhecimento ou combinando
diferentes áreas. Outra opção é a oferta de itinerários formativos focados em
algum aspecto específico de uma área. Os alunos poderão também optar por uma
formação técnico-profissionalizante, que poderá ser cursada dentro da carga
horária regular do ensino médio. O documento completo já está disponível no
site do MEC.
Autonomia
De acordo com o MEC, a
organização da base por áreas de conhecimento atendeu a uma solicitação dos
secretários estaduais de educação e a recomendações de especialistas, e está
alinhada à reforma do ensino médio sancionada no ano passado. Segundo Mendonça
Filho, os estados terão a responsabilidade tanto na oferta de itinerários
formativos adicionais como na aplicação e definição dos currículos das redes
estaduais de educação.
“O espírito da Base respeita
o propósito maior da reforma do ensino médio, que tem total casamento com a
autonomia dos jovens, com a definição dos seus projetos de vida e para isso
você precisa ter currículos mais flexíveis, garantindo o mínimo de autonomia
dos estados e dos estudantes”, disse.
A secretária-executiva do
MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, disse que o objetivo das mudanças é
melhorar a educação no ensino médio. “Esse modelo que nós temos hoje está em
funcionamento há muito tempo e os resultados são tristes. Temos um ensino médio
que não está melhorando, e agora chegou o momento de trabalharmos uma proposta
curricular inovadora que realmente possa reter o aluno na escola”, disse.
A BNCC para a educação
infantil e o ensino fundamental foi aprovada e homologada no final do ano
passado.
Enem
Os reflexos da nova base
curricular para o ensino médio só devem chegar ao Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) a partir de 2020, pois a estrutura da prova só pode ser alterada
depois da homologação do documento.
“O Enem não muda para 2018 e
nem provavelmente para 2019. O processo de adaptação do Enem respeitando toda
essa concepção estabelecida pela Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio
será gradual e certamente só a partir de 2020 em diante”, disse o ministro.
Aperfeiçoamentos
O Conselho Nacional de
Educação deve analisar e aprovar a BNCC antes de o documento começar a valer. O
CNE irá fazer uma consulta pública em plataforma digital e audiências para
colher sugestões da sociedade antes de submeter o texto à avaliação dos
conselheiros.
O conselheiro do CNE Cesar
Callegari, presidente da comissão que vai analisar a BNCC, disse que os
conselheiros têm agora um desafio “gigante” de aperfeiçoar o documento para
garantir os direitos de aprendizagem dos jovens.
“O MEC confirma uma proposta
reducionista dos direitos de aprendizagem dos jovens brasileiros. As escolas
tendem a fazer o que couber, o que puderem em 1,8 mil horas, não o que é
necessário. Então, o nosso papel aqui será fazer muito debate, inclusive
ouvindo os jovens para que possamos ampliar a visão dos direitos de
aprendizagem, que é ó âmago da BNCC”, diz.
A expectativa do MEC é que a
Base seja homologada ainda este ano. O CNE ainda vai definir os prazos de
implementação do documento nos estados.
Agência Brasil
Nenhum comentário