Petrobras tem 1º prejuízo desde 1991; perda com corrupção é de R$ 6,2 bi.
Após
um longo período de espera e expectativa, a Petrobras finalmente divulgou nesta
quarta-feira (22) o balanço auditado do exercício de 2014. A companhia
registrou no ano passado um prejuízo de R$ 21,587 bilhões, contra um lucro de
R$ 23,6 bilhões em 2013.
A
Petrobras informou no balanço que a baixa contábil pelo esquema de pagamentos
indevidos investigado pela Lava Jato foi de R$ 6,194 bilhões. Ou seja, essa foi
a perda por corrupção, segundo a estatal.
Ao
comentar o balanço, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, fez um pedido
de desculpas em nome dos funcionários da companhia pelo escândalo de corrupção.
“Sim, a gente está com sentimento de vergonha por tudo isso que a gente
vivenciou, por esses malfeitos que ocorreram. Não temos clarividência muito
clara se foi de fora para dentro ou de dentro da fora. Sim, faço pedido de
desculpa em nome dos empregados da Petrobras porque hoje sou um deles”, disse.
Perdas de R$ 6 bilhões com corrupção
"O
valor da baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente no ativo
imobilizado oriundos do esquema de pagamentos indevidos descoberto pelas
investigações da Operação Lava Jato (baixa de gastos adicionais capitalizados
indevidamente) foi de R$ 6,194 bilhões", afirma o balanço.
A
petroleira afirmou, no entanto, que não consegue identificar especificamente os
valores de cada pagamento indevido.
Sobre
a metodologia utilizada, a companhia explicou que listou todas as empresas
citadas nas investigações e os contratos assinados com as contrapartes. Depois,
calculou o valor desses contratos, identificando todos os pagamentos feitos, e
aplicou um percentual fixo de 3% sobre o valor total, para estimar os gastos
adicionais sobre o "montante total dos contratos".
Importância da divulgação
A
divulgação do balanço auditado é apontada como tarefa essencial para o resgate
da credibilidade da Petrobras e para que a empresa consiga captar recursos e
atrair investidores. Caso fosse novamente adiada, parte dos seus credores
poderiam pedir o vencimento antecipado de suas dívidas o que, em tese, poderia
levar a empresa à insolvência e exigir uma operação de injeção de capital pelo
governo.
A
divulgação chega depois de uma série de adiamentos e dificuldades para calcular
como o esquema de corrupção envolvendo a estatal e investigado pela operação
Lava Jato afetou o patrimônio da petroleira.
Investigações
Segundo
informações da PF, de procuradores do Ministério Público e de delatores do
caso, executivos da estatal indicados por partidos políticos conspiraram com
empresas de engenharia e construção do país para sobrevalorizar refinarias,
navios e outros bens e serviços da Petrobras. Os valores excedentes dos
projetos teriam sido desviados para executivos, políticos e partidos.
Deflagrada
em 17 de março de 2014, a Operação Lava Jato desmontou um esquema de lavagem de
dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades policiais, movimentou
cerca de R$ 10 bilhões.
O
Ministério Público Federal do Paraná já ofereceu denúncias contra mais de 30
investigados e os procuradores anunciaram que irão pedir ressarcimento de ao
menos R$ 1,18 bilhão por desvios na empresa.
G1
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