Delator da Odebrecht citou 51 políticos de 11 partidos.
Nas 82 páginas de seu
depoimento de delação premiada na Lava Jato, o ex-diretor de relações
institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho cita os nomes de 51 políticos de
11 partidos. Ele era o responsável pelo relacionamento da empresa com o
Congresso Nacional e trabalhava na Odebrecht há 27 anos, sendo 12 deles em
Brasília. Cláudio era homem de confiança de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da
empreiteira que está preso em Curitiba.
Formado em administração
de empresas, Cláudio Melo Filho trabalhou em obras em Goiás e no metrô do
Distrito Federal. Em 2004, assumiu a diretoria de relações institucionais
substituindo o pai, Cláudio Melo – que foi quem o apresentou a alguns políticos
com os quais se relacionaria.
No acordo de delação
premiada com a Lava Jato, Cláudio diz que dava prioridade para as relações com
políticos de grande influência no Congresso. Também identificava aqueles que
chamava de “promissores”: políticos em ascensão e que, no futuro, poderiam
defender os interesses da Odebrecht.
Em março, Cláudio Melo
Filho foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento na 26ª fase da
Lava Jato, batizada de operação Xepa, que descobriu o setor exclusivo para
pagamento de propinas que funcionava na Odebrecht.
Em maio, o ex-diretor foi
denunciado pelo Ministério Público Federal na operação Vitória de Pirro,
acusado de oferecer R$ 5 milhões ao ex-senador Gim Argello para blindar
executivos da Odebrecht na CPI da Petrobras. Porém, o juiz Sérgio Moro avaliou
que as evidências eram frágeis e não aceitou a denúncia. O delator está em
liberdade.
Cláudio Melo Filho também
foi citado na operação Acrônimo, que investiga um esquema de lavagem de
dinheiro em campanhas eleitorais.
Delação
O acordo de delação que
Cláudio Melo Filho está negociando com os investigadores da Lava Jato envolve a
cúpula do PMDB em um esquema de repasse de propina em troca de apoio a projetos
de lei de interesse da Odebrecht.
Segundo o delator, o
“núcleo dominante” no Senado era formado por Romero Jucá (RR), pelo presidente
do Senado, Renan Calheiros (AL) e por Eunício Oliveira (CE). Na Câmara, Cláudio
afirmou que concentravam as arrecadações Eliseu Padilha, Moreira Franco e
Michel Temer.
G1
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