Bolsonaro alinha-se ao regime da escravidão, diz Raquel Dodge.
Bolsonaro |
A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, destacou trechos de discurso do
deputado federal para fundamentar a denúncia por racismo junto ao STF.
Para fundamentar a denúncia
junto ao Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro por racismo praticado
contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs, a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, destacou 11 trechos do discurso
do deputado federal e pré-candidato do PSL à Presidência da República no Clube
Hebraica do Rio de Janeiro.
“Para melhor compreensão do conteúdo e extensão do discurso
discriminatório e racista do denunciado, destaco os seguintes trechos de sua
manifestação, que caracteriza o que a doutrina denomina de discurso de ódio”,
escreveu Raquel, que ainda destacou outras quatro manifestações de Bolsonaro,
anteriores ao caso do Clube Hebraica, como quando ele declarou: “Não vou dar
uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que
apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo.”
A PGR afirma que Bolsonaro
tratou com ‘total menoscabo os integrantes de comunidades quilombolas’ e
referiu-se a eles como animais, em uma manifestação que ‘alinha-se ao regime da
escravidão, em que negros eram tratados como mera mercadoria, e à ideia de
desigualdade entre seres humanos’. Raquel também salienta que, na visão de
Bolsonaro, ‘há indivíduos ou povos superiores a outros, tratando quilombolas
como seres inferiores.’
Se condenado, Bolsonaro
poderá cumprir pena de reclusão de 1 a 3 anos. A procuradora-geral pede ainda o
pagamento mínimo de R$ 400 mil por danos morais coletivos.
Procurado pela reportagem na
sexta-feira, 13, o deputado disse que não quis ofender ninguém. “Se faz brincadeira hoje em dia, tudo é ódio,
tudo é preconceito. Se eu chamo você de quatro olhos, de gordo, não tô
ofendendo os gordos do Brasil. Eles querem fazer o que na Alemanha já existe:
tipificar o crime de ódio. Pra mim pode ser, e pra você pode não ser”,
disse o parlamentar.
“Tanta coisa importante pro Brasil, pro Judiciário se debruçar e vai
ficar em cima de uma brincadeira dessa. É a pessoa que eu fiz a brincadeira que
tem de tomar as providências. A vida segue”, comentou o deputado.
Com Estadão Conteúdo
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