15 milhões de famílias passaram a enfrentar dificuldades financeiras em 2018, diz levantamento.
Cerca de 15 milhões de
famílias entraram em crise neste ano, enfrentando desemprego, inadimplência e
dificuldades orçamentárias, segundo a nova edição do 360º Consumer View,
levantamento realizado anualmente pela Nielsen, empresa que estuda consumidores
em mais de 100 países.
Com isso, o total de
domicílios impactados pela crise subiu para 27 milhões neste ano, pouco mais da
metade do universo total de 53 milhões de famílias pesquisadas.
O levantamento, porém, não
considera todo o território brasileiro. Segundo a Nielsen, a região Norte ficou
de fora do estudo.
Ao mesmo tempo, os números
também mostram que 12 milhões de famílias saíram da crise neste ano. Outros 14
milhões de domicílios se mostraram imunes às turbulências financeiras.
O levantamento aponta que o
número de lares que entraram em crise neste ano superou a parcela daqueles que
deixaram as dificuldades para trás, Isso reforça, na visão da Nielsen, um cenário
de "looping" (famílias entrando e saindo da crise) que gera
"incertezas e dificuldades de forma mais duradoura".
Segundo o diretor do Painel
de Lares da Nielsen Brasil, Ricardo Alvarenga, uma eventual retomada do emprego
e da massa salarial, com a inflação ainda controlada - fatores que influenciam
o aumento do consumo das famílias - "não vai ser do dia para a
noite".
"Há uma alta
concentração de desalentados, que não são classificados como desempregados
porque não estão mais procurando emprego. Tem uma população 'subocupada' [sem
carga horária completa] e, nos trabalhadores informais ou autônomos, a média
salarial é mais baixa", explicou.
O consumo das famílias tem
forte peso no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de 63,4%. Ou seja, mais
da metade do que é produzido no Brasil depende da demanda das famílias.
Em 2017, após dois anos de
recessão, o PIB voltou a registrar crescimento, com uma alta de 1%. Neste ano,
continua em expansão, mas em um ritmo menor do que o esperado anteriormente por
analistas.
Comportamento do consumidor
Esse cenário, para o
diretor, resultou no surgimento de um novo tipo de consumidor no Brasil.
"Ele é mais cauteloso, faz mais planejamento, pois não sabe como será seu
futuro. A crise é muito dura e moldou esse novo comportamento", afirmou.
Por conta das dificuldades
enfrentadas, o brasileiro tem se mostrado mais aberto a trocar de marcas, a
buscar rendas alternativas, a recorrer ao crédito no mercado para ganhar poder
de compra e a ampliar o número de canais de compra que visita. Esse
comportamento visa se adaptar a um orçamento restrito, avaliou a Nielsen.
Alvarenga acredita que essas
mudanças no comportamento dos consumidores tendem a se manter nos próximos
anos, o que exigirá da indústria e do varejo uma adaptação à nova realidade,
oferecendo alternativas de produtos com bom custo/beneficio, além de ter canais
de compras alternativos, preços menores, e mais facilidade nas compras por
conveniência.
G1
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