Analista diz que pobres vão penar com Bolsonaro em 2019.
Ainda há criação de empregos
com carteira assinada, neste ano. Mas está devagar e, de novo, quase parando,
como deu para notar pelos dados divulgados pelo Ministério do Trabalho.
O número de empregos formais
cresce a 1,2% ao ano, praticamente nada, ritmo um tico menor que o de setembro.
O número de empregos formais
na indústria parou de crescer. Voltou ao patamar de outubro de 2017. Ao menos a
situação parou de piorar na construção civil. Há avanço melhorzinho no setor de
serviços. Mas o quadro geral é de estagnação.
A taxa de desemprego geral,
medida pelo IBGE, deve chegar a uns 12,2% em 2018, progresso ínfimo em relação
aos 12,7% da média do ano passado. Pelas previsões, deve ficar perto de 11,7%
em 2019, melhoria outra vez pequena, embora mais gente deva estar empregada.
Mesmo que o ritmo de
crescimento da economia aumente, como se prevê para 2019, os danos
socioeconômicos ainda serão extensos e há pouco o que fazer.
Obviamente, um crescimento
de pelo menos 2,5% no ano que vem, que é o chute informado dos economistas,
seria um alívio em relação ao 1,4% deste 2018. Mas alívio para quem?
O que Jair Bolsonaro dirá ao
eleitorado? Pode, claro, dizer sem mentir que o estrago é grande e o remédio é
difícil. Como vai dizê-lo, e o que as pessoas vão ouvir, é outra conversa.
Em tese, o governo vai
começar o ano propondo uma reforma da Previdência, até aqui majoritariamente
rejeitada pela população, e um plano de aumento mínimo do salário mínimo, se é
que vai haver reajuste além da inflação (isto é, zero de aumento real). Sem medidas
dessa espécie, dificilmente haverá crescimento maior da economia em 2019, se é
que não sobreviria nova deterioração.
Ou seja, só é bom se for
ruim, por assim dizer.
Uma recuperação mais rápida
da construção civil tende a minorar o desemprego entre os mais pobres. Com
reformas em andamento, é possível que as taxas de juros de prazo mais longo até
baixem e a confiança econômica cresça, o que pode animar vendas e construção de
imóveis residenciais.
Quanto à infraestrutura, tão
cedo a coisa não andará mais rápido, pois o governo não tem dinheiro e terá de
se organizar para tocar a construção pesada, o que leva tempo. De resto, falta
muito para que as concessões à iniciativa privada resultem em abertura de
canteiros de obras.
O crescimento regional será desigual,
um tanto menor na região Nordeste, onde a vida é mais dura, estimam economistas
do Bradesco, em relatório publicado nesta quarta-feira (21). Muitos pobres, de
resto, estão cronicamente desempregados ou precarizados.
No que diz respeito a
programas sociais ou serviços públicos, um grande feito será evitar que mais
governos estaduais entrem em colapso.
O governo federal pode
compartilhar algum dinheiro que receberá em 2019 com leilões de petróleo, como
já indicou que vai fazer, mas os estados voltarão à breca logo em 2020 se não
fizerem ajustes duros, na Previdência e no funcionalismo.
Ou seja, as providências
mais sensatas ainda serão impopulares. Dificilmente o povo vai notar que se
evitou degradação adicional dos serviços públicos.
Bolsonaro não tem até agora
um discurso para os mais pobres, no que diz respeito a problemas
socioeconômicos. Não terá recursos para nada em 2019. As melhorias possíveis
dependem, pois, de reformas, de habilidade política.
Quanto mais energia gastar
em planos econômicos muito ambiciosos ou mirabolâncias de outra espécie, mais
implausível será seu sucesso.
Fonte: blogdacidadania.com
Nenhum comentário