MEC tem agora secretarias para alfabetização e escolas militares.
Com a posse do presidente
Jair Bolsonaro e do ministro Ricardo Vélez Rodríguez foram feitas, esta semana,
mudanças na estrutura do Ministério da Educação (MEC). A pasta passa a contar
agora com a Secretaria de Alfabetização, a Secretaria de Modalidades Especializadas
de Educação, além de uma Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares.
As novas secretarias e
subsecretaria são voltadas principalmente para a educação básica, etapa que
compreende desde as creches ao ensino médio e que, segundo Vélez Rodríguez,
será prioridade do governo. Para implementar as mudanças nas escolas, o MEC precisará
do apoio de estados e municípios, que detêm a maior parte das matrículas.
Escolas cívico-militares
Baseado no alto desempenho
de colégios militares em avaliações nacionais, o governo quer expandir o
modelo. Segundo o decreto que detalha as atribuições do MEC, haverá uma
subsecretaria para desenhar uma modelagem de gestão escolar que envolve
militares e civis e garantir a aplicação desse modelo nos estados e municípios.
É a chamada Subsecretaria de
Fomento às Escolas Cívico-Militares. Pelo decreto, a adesão de estados e
municípios ao modelo será voluntária. Em nota, o MEC explica que a presença de
militares na gestão administrativa “terá como meta a resolução de pequenos
conflitos que serão prontamente gerenciados, a utilização destes como tutores
educacionais, para a garantia da proteção individual e coletiva, dentre outras
visando a disciplina geral da escola. Os militares contribuirão com sua visão
organizacional e sua intrínseca disciplina; os civis com seus conhecimentos
pedagógicos, todos juntos farão parte desta proposta de estrutura educacional”.
Ainda segundo o MEC, o
Brasil apresenta altos índices de criminalidade.“Neste contexto o Ministério da
Educação buscará uma alternativa para formação cultural das futuras gerações,
pautando a formação no civismo, na hierarquia, no respeito mútuo sem qualquer
tipo de ideologia tornando-os desta forma cidadãos conhecedores da realidade e
críticos de fatos reais”. Esse modelo será implementado preferencialmente em
escolas em situação de vulnerabilidade social e para as famílias que concordam
com essa proposta educacional.
Novas secretarias
As duas novas secretarias do
MEC foram criadas a partir da extinção da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi): a Secretaria de Modalidades
Especializadas de Educação e Secretaria de Alfabetização. Dentro da primeira,
haverá, entre outras, uma diretoria voltada apenas para pessoas surdas, a
Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos, além de uma estrutura
voltada para apoio a pessoas com deficiência.
A pauta ganhou destaque no
governo com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é intérprete de Língua de
Sinais Brasileira (Libras). Na posse presidencial, ela quebrou o protocolo e
discursou em Libras. A secretaria de Alfabetização, segundo o MEC, cuidará da
alfabetização não apenas em português e matemática, mas também em novas
tecnologias. Segundo o decreto, a secretaria se ocupará ainda da formação dos
professores por meio da Diretoria de Desenvolvimento Curricular e Formação de
Professores Alfabetizadores.
Estados e municípios
Para que essas medidas
cheguem às salas de aula, será necessária a participação de estados e
municípios. As entidades que representam os secretários municipais e estaduais
de Educação ainda não se reuniram com a atual gestão do MEC. O Conselho
Nacional de Secretários de Educação (Consed), que representa os estados, tem
reunião agendada para o final deste mês.
A presidente do Consed,
Maria Cecília da Motta, secretária de Educação do Mato Grosso do Sul, disse que
a entidade ainda não tem um posicionamento sobre as mudanças, uma vez que
muitos secretários assumiram nesta semana. Segundo ela, independentemente do
modelo escolar, cívico, militar ou cívico-militar, a prioridade dos estados,
que são responsáveis pela maior parte das matrículas do ensino médio, é a
implementação do novo currículo.
No ano passado, o MEC
aprovou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para essa etapa de ensino, que
define o mínimo que deve ser ensinado em todas as escolas em todo o país. O
prazo para a implementação é o ano letivo de 2021, quando começa a valer o novo
ensino médio. “O nosso trabalho este ano todo é escrever o novo currículo, com
a flexibilização. Ainda não sabemos o que vem de orientação, mas estamos organizando
nosso movimento de formação em cima da BNCC”, disse Cecília.
Metodologia
O presidente da União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Alessio Costa Lima,
disse esperar o detalhamento das escolas cívico-militares. Em relação à alfabetização,
Lima destaca que os métodos aplicados no país são variados e devem ser
considerados nas ações.
“A diversidade que existe no
nosso país, metodológica, de práticas pedagógicas, de cultura, precisa ser
respeitada. Nesse sentido, a nova secretaria tem que ter a sensibilidade para
compreender todas essas nuances, para compreender os métodos aplicados”,
afirmou, acrescentando que a melhor prática "é aquela que o aluno
aprende".
Agência Brasil
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