Lava Jato não precisa de pirotecnia para sobreviver, diz Lula sobre prisão de Temer.
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) -
A conta oficial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em
Curitiba, divulgou críticas à força-tarefa da Lava Jato, que prendeu o
ex-presidente Michel Temer (MDB) nesta quinta-feira (21).
"A Lava Jato tenta
desviar a atenção do descrédito em que estava caindo e do fundo de R$ 2,5
bilhões que negociaram com os EUA. A Força Tarefa não precisa de pirotecnia
para sobreviver, precisa de sobriedade", diz o tuíte.
Em outra publicação, também
definida como um recado de Lula, o petista afirma que ninguém pode ser preso
sem o devido processo legal.
"Instituições poderosas
como o MP e a PF não podem ficar fazendo espetáculo. Todo aquele que cometer um
crime, se o crime for provado, tem que ser punido. Seja o Temer, ou o Lula.
Seja o FHC ou o Bolsonaro. Ninguém pode ser preso sem o devido processo
legal."
Segundo o MPF, os presos são
investigados pelos crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. As
investigações apontaram que foram pagos ou prometidos 1,8 bilhão de reais em
propinas à organização criminosa que seria liderada por Temer.
“Após celebração de acordo
de colaboração premiada com um dos envolvidos e o aprofundamento das
investigações, foi identificado sofisticado esquema criminoso para pagamento de
propina na contratação das empresas Argeplan, AF Consult Ltd e Engevix para a
execução do contrato de projeto de engenharia eletromecânico 01, da usina
nuclear de Angra 3”, afirma a nota do MPF.
Segundo a nota, as
investigações também apontaram que o alegado grupo criminoso procurou atuar
para atrapalhar as investigações por meio de ações de contrainteligência, de
versões combinadas entre suspeitos e de documentos forjados para despistar os
investigadores.
A DENÚNCIA
Na investigação, são
apurados crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, em razão de
possíveis pagamentos ilícitos feitos por determinação do empresário José
Antunes Sobrinho, da empresa de engenharia Engevix, para o grupo criminoso,
supostamente liderado por Michel Temer, bem como de possíveis desvios de
recursos da Eletronuclear para empresas indicadas pelo referido grupo.
De acordo com o MPF, foi
identificado sofisticado esquema criminoso para pagamento de propina na contratação
das empresas Argeplan, AF Consult Ltd e Engevix para a execução do contrato de
projeto de engenharia eletromecânico 01, de Angra 3.
A Eletronuclear contratou a
empresa AF Consult Ltd, que se associou às empresas AF Consult do Brasil (que
tem a participação da Argeplan) e Engevix. A Argeplan seria ligada a Michel
Temer e ao coronel Lima, de acordo com o MPF.
Como a AF Consult do Brasil
e a Argeplan não tinham pessoal e expertise suficientes para a realização dos
serviços, houve a subcontratação da Engevix. Conforme apurado pelo MPF, coronel
Lima solicitou ao sócio da empresa Engevix o pagamento de propina, em benefício
de Michel Temer, no valor de R$ 1,09 milhão, que foi paga no final de 2014.
O pagamento foi feito da
empresa Alumi Publicidades para a empresa PDA Projeto e Direção Arquitetônica,
controlada por coronel Lima, através da simulação de contratos de prestação de
serviços da empresa PDA para a empresa Alumi. Segundo o MPF, o empresário que
pagou a propina afirma ter prestado contas de tal pagamento para o coronel Lima
e Moreira Franco.
Os pagamentos feitos à
empresa AF Consult do Brasil, segundo a MPF, resultaram no desvio de R$ 10,86
milhões, já que a referida empresa não tinha capacidade técnica, nem pessoal
para a prestação dos serviços para os quais foi contratada.
OUTRAS PRISÕES
A Justiça Federal também
determinou as prisões preventivas da esposa do coronel Lima, Maria Rita
Fratezi; do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da
Eletronuclear; da filha de Othon, Ana Cristina da Silva Toniolo; de Carlos
Alberto Costa; de Carlos Alberto Costa Filho; de Carlos Alberto Montenegro
Gallo; e de Vanderlei de Natale. Também foram determinadas as prisões
temporárias de Rodrigo Castro Alves Neves e Carlos Jorge Zimmermann.
Moreira Franco é acusado de
“interceder e influenciar na contratação” das empresas envolvidas no esquema.
Além dele, conforme o MPF, também participaram da “viabilização de empreitadas
criminosas” Carlos Alberto Costa, Carlo Aberto Costa Filho, o ex-almirante Othon
Luiz Pinheiro, Ana Cristina, Maria Rita Fratezi e Carlos Alberto Gallo. Eles
eram sócios das empresas utilizadas na arrecadação de “vantagens indevidas”.
DEFESAS
Em nota, a defesa de Moreira
Franco manifestou “inconformidade com o decreto de prisão cautelar”. Para os
advogados, a medida não é necessária, pois ele “encontra-se em lugar sabido,
manifestou estar à disposição nas investigações em curso, prestou depoimentos e
se defendeu por escrito quando necessário”. A defesa diz que a ordem de prisão
“causa estranheza” por ser de um juiz “cuja competência não se encontra ainda
firmada, em procedimento desconhecido até aqui”.
Por telefone, Temer
conversou com o jornalista Kennedy Alencar, da CBN, no momento em que era preso
pela PF e classificou a determinação de Bretas como “uma barbaridade”.
Em nota, o MDB criticou a
prisão de Temer. “O MDB lamenta a postura
açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi
demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República,
Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça
restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao
contraditório e o direito de defesa”.
CAROLINA LINHARES, Folhapress - Via Yahoo
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