Após reunião com governo, caminhoneiros descartam paralisação.
Imagem ilustrativa - Da internet |
Os representantes dos caminhoneiros
disseram nesta segunda-feira (22), após uma reunião com o ministro da Infraestrutura,
Tarcísio Gomes de Freitas, que não haverá paralisação da categoria na próxima
segunda-feira (29). Durante a reunião, que durou quase cinco horas, o ministro
prometeu reajustar a planilha da tabela do piso mínimo de frete, umas das
principais reivindicações dos caminhoneiros. O ministro disse ainda que vai
intensificar a fiscalização do cumprimento da tabela de frete mínimo, com a
participação dos caminhoneiros, e atrelar o reajuste da tabela ao preço do
diesel.
"Eu acho que nós
conseguimos administrar essa condição de momento e não deve haver paralisação
de caminhoneiros neste momento. A representação dos caminhoneiros está
conseguindo conversar com o governo", disse o presidente da Confederação
Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno.
A reunião com o ministro
reuniu cerca de 30 representantes de 11 entidades de classe, além de um grupo
de caminhoneiros autônomos. A proposta apresentada pelo ministério prevê que os
próprios caminhoneiros vão ajudar a realizar a fiscalização da tabele de frete.
Ainda esta semana, o ministro e o presidente da CNTA deverão assinar um termo
formalizando o procedimento.
Anistia de multas
De acordo com um dos líderes
da categoria, Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, as reclamações
relacionadas ao descumprimento da tabela serão encaminhadas pela confederação
ao ministério que as repassará à Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT). O ministério também teria se comprometido a retirar multas de
motoristas que fizerem as denúncias.
"O ministro se
comprometeu de que o próprio caminhoneiro será um fiscalizador junto aos seus
sindicatos de base que irá passar para a CNTA e a CNTA irá trazer direto para o
governo a empresa, o embarcador que não está pagando o piso mínimo e, dentro de
20 a 30 dias, a ANTT irá autuar essas empresas que não estão cumprindo a
lei", disse Dedeco.
Mais cedo, antes da reunião,
os caminhoneiros acenaram com a suspensão da paralisação desde que houvesse uma
contraproposta do governo sobre as principais reivindicações. De acordo com
Dedeco, o governo também prometeu adotar outro procedimento solicitado pelos
caminhoneiros, que está previsto na legislação que estabeleceu o piso mínimo de
frete, que é o acionamento de um "gatilho" na tabela para acompanhar
os reajustes no preço do diesel.
Pela proposta, a planilha da
tabela de piso mínimo sofrerá um reajuste toda vez que o percentual de aumento
no diesel ultrapassar os 10%. O governo ficou de calcular quanto será o
reajuste. "É o gatilho que já existia e que precisava ser colocado em
prática para que o aumento do diesel não prejudique a categoria", disse
Dedeco.
Propostas
Na semana passada diante de
rumores de paralisação da categoria, o governo apresentou um pacote de medidas
para a categoria. Entre elas, a adoção de uma linha de crédito de R$ 500
milhões, em que cada caminhoneiro terá acesso a um financiamento de até R$ 30
mil. O dinheiro servirá para que os profissionais possam comprar pneus e
realizar a manutenção de seus veículos.
O governo também disse que
vai efetuar melhorias nas estradas e construir pontos de descanso em rodovias
federais, mas as medidas foram consideradas insuficientes pela categoria. De
acordo com Dedeco, com a abertura de negociação, os caminhoneiros devem
desistir de parar as estradas do país. "Da minha parte, eu peço aos
caminhoneiros que se acalmem”, disse Dedeco.
Ministro
Em seu Twitter, o ministro
da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, também comentou sobre o encontro
com os representantes dos caminhoneiros. Ele fez duas postagens por volta das
22h. Na primeira, Gomes de Freitas falou que houve a reunião e que o governo
está trabalhando em "soluções efetivas". "As portas estão sempre
abertas e manter o diálogo é nossa prioridade".
Na segunda postagem, o
ministro escreveu que construiu, em conjunto com os caminhoneiros e a CNTA uma
agenda de trabalho "que envolve eliminação de multas injustas,
transferência do custo do diesel para tabela de frete, fiscalização dessa
referência de custo e termo de compromisso com entidades representantes para
tornar a fiscalização mais efetiva."
Em nota publicada na noite
de hoje, o ministério confirmou que firmou uma agenda de trabalho a curto prazo
com a categoria e citou os compromissos anunciados pelo ministro em sua rede
social.
Por Luciano Nascimento -
Repórter da Agência Brasil
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