Setembro amarelo terá foco em prevenção do suicídio entre os jovens.
Em coletiva, ministro
ressaltou aumento de casos entre o público
O Ministério da Saúde vai
aproveitar setembro, mês de conscientização sobre a importância da prevenção do
suicídio, para enfatizar a necessidade de atenção especial com o bem-estar e a
saúde mental de crianças e adolescentes.
Segundo o ministro Luiz
Henrique Mandetta, o foco das ações desenvolvidas pela pasta durante o Setembro
Amarelo será o público jovem, no qual vem aumentando o número de casos e de
tentativas de suicídio. "Vamos focar nesta questão dos jovens, tanto na
questão do suicídio quanto das tentativas, procurando alternativas de políticas
públicas indutórias", disse o ministro durante a 7ª Reunião Ordinária da
Comissão Intergestores Tripartite, realizada na manhã desta quinta-feira (29),
em Brasília.
Mandetta ressaltou que o
aumento do suicídio entre os jovens é um fenômeno mundial que, nos últimos
anos, vem causando crescente preocupação também no Brasil. Para o ministro, o
problema é complexo e não pode ser compreendido ou explicado por um só fator.
"A barra está muito pesada, e isso está fazendo com que percamos muitos
jovens", afirmou o ministro, arriscando uma explicação. Segundo o
ministro, os jovens brasileiros, que estão entre os que passam mais tempo
conectados à internet, têm dificuldade para lidar com a confusão entre o mundo
online e as exigências e frustrações cotidianas do mundo fora da rede mundial
de computadores.
Para Mandetta, isso gera
ansiedade e enfraquece vínculos sociais. "O mundo virtual é maravilhoso,
mas não condiz com a realidade. Ali, todo mundo está feliz, bem. Estamos tendo
dificuldades de conviver com isto", acrescentou Mandetta.
Ele disse que o alcance e
imediatismo das redes sociais podem potencializar questões que sempre causaram
mal-estar entre os jovens. "O bullying, por exemplo. Na minha geração, era
algo circunscrito. Ficava limitado a uma sala de aula, ao pátio do colégio e,
de alguma maneira, as pessoas faziam seus rearranjos. Hoje, com a internet, o
bullying às vezes ganha uma escala nacional", disse o ministro. "Este
é o pano de fundo para o grande drama que esta geração enfrenta.
Para Mandetta, a questão do
suicídio e outros temas de saúde mental devem ser tratados, entre todas as
faixas etárias, com informações claras e com o máximo de naturalidade possível.
"Assuntos como depressão, ansiedade e os cuidados com a saúde mental têm
que ser incluídos na agenda. Temos que dizer que a depressão existe e que não
se trata apenas de um estado de melancolia. Precisamos desmistificá-los,
abordá-los como outros assuntos de saúde, como a hipertensão ou a diabete e valorizar
a vida", exemplificou o ministro ao defender a ação conjunta de
profissionais das áreas de e educação.
"Acho que a saúde vai
ter que ir para as escolas e organizar esta interface junto à educação. E acho
que são os próprios adolescentes, dialogando entre si, que [com orientação] vão
achar as necessárias válvulas de escape. Porque eles não vão achar com quem
falar dentro de casa. Não acham na família. O meio está hostil, os amigos estão
vivendo no mundo virtual e, no mundo real, esses jovens se deparam com [as
exigências e frustrações do] dia a dia", concluiu o ministro.
Realizada em quase todo o
mundo, a campanha Setembro Amarelo ocorre anualmente em setembro e tem o
objetivo de sensibilizar e conscientizar a população sobre a questão e informar
sobre os sinais que precisam ser observados com atenção, bem como os locais
onde procurar ajuda.
Por Alex Rodrigues -
Repórter da Agência Brasil
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