Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo começa segunda-feira.
Foco são crianças de 6 meses
a 4 anos e adultos de 20 a 29 anos
Em parceria com os governos
estaduais, distrital e municipais, o Ministério da Saúde inicia, na próxima
segunda-feira (7), a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo. Na
primeira fase, que vai até o dia 25 de outubro, o público-alvo serão as
crianças com idade entre 6 meses e 4 anos e 29 dias.
A segunda etapa, de 18 a 30
de novembro, terá foco na população com idade entre 20 e 29 anos. Em entrevista
coletiva, o ministro titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a
prioridade para este grupo justifica-se porque, como provavelmente não
receberam a segunda dose da vacina, seus filhos acabam apresentando um sistema
imunológico mais vulnerável à doença. Além dos dois períodos, a campanha também
destaca o dia 19 de outubro como o Dia D, para mobilização nacional.
Levantamento do governo
federal mostra que, até o dia 28 de agosto, 5.404 casos de sarampo foram
confirmados em todo o país. Além disso, houve o registro de seis óbitos, sendo
quatro deles de pacientes menores de 1 ano.
A unidade federativa com
maior incidência é São Paulo (15,11 a cada 100 mil habitantes), que concentra
97% dos casos e é seguida por Bahia (6,64) e Sergipe (5,86). Embora apresente
índice de 0,21, o Pará preocupa, devido à sua cobertura vacinal, que é,
atualmente, de 76%, disse Mandetta. O Amapá apresenta a segunda cobertura mais
baixa, de 77%, perdendo para a Bahia, com 80%, e o Maranhão e o Piauí, ambos
com 83%.
De acordo com informações da
pasta, foram adquiridos, para este ano, 60,2 milhões de doses da vacina
tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Para o ano que
vem, a encomenda foi de 65,4 milhões de doses.
Em 2020, o ministério dará
continuidade à campanha. A imunização será dividida em três etapas e incluirá
pessoas com idade de 50 a 59 anos. Ao todo, espera-se que a vacinação atinja 39
milhões de brasileiros, que equivalem a 20% da população.
"Nós sabemos que as
crianças de 6 meses a 1 ano de idade são as que respondem clinicamente pior ao
sarampo. Acabam desenvolvendo um quadro de pneumonia muito grave, e os óbitos
acabam tendo uma prevalência maior nessa faixa etária. Então, o clássico é
vacinar aos 12 meses e aos 15 meses. Quem fez isso com seus filhos abaixo de 5
anos fez o correto, a criança está coberta e não há necessidade de aplicar mais
uma dose. Aqueles que só deram uma dose aos 12 meses e não deram a segunda
devem ir agora para fazer a segunda dose, porque uma dose só não dá sistema
imunológico competente para enfrentar um surto de sarampo", afirmou o
ministro.
"O que é a novidade à
qual as pessoas devem estar atentas? De 6 meses a 1 ano, quando não era
recomendada a primeira dose, estamos fazendo a chamada dose 0. Vacinar os bebês
e depois, aos 12 meses, fazer a dose regulamentar, como se fosse a primeira, e
a segunda. Essas crianças a gente vai blindar mais, porque elas são as
principais vítimas fatais do sarampo", acrescentou, ressaltando que o
governo está cogitando voltar a aplicar a vacina oral contra sarampo, que ficou
vulgarmente conhecida como a "vacina de gotinha".
Verbas para municípios
Na entrevista, dirigentes do
ministério destacaram que os municípios que fortalecerem suas ações de
imunização ganharão um bônus de recursos, que totaliza R$ 206 milhões. Para
receber o incremento, as prefeituras deverão cumprir duas metas.
"Àqueles que atingirem
entre 90% e 95% [de cobertura vacinal] – nossa meta é de 95% – daremos mais um
incentivo, um plus, porque ele fez mais esforço para chegar àquilo. Se atingir
de 95% para cima, tirar nota 10, recebe 100% desse incentivo, para que possamos
ajudar as cidades a cumprir um dever básico, que é de atenção primária de
prevenção. O custo de uma vacina é tão baixo, e o custo de uma internação de
uma criança na UTI [unidade de terapia intensiva], de uma vida, não tem preço.
É um ato de amor e de respeito à criança. Já está pacificado. Não é uma questão
de direito de pai e mãe, é um direito da criança ", esclareceu o ministro.
Para serem contemplados, os
municípios terão ainda de monitorar e informar o governo do estado e o
Ministério da Saúde sobre seus estoques da vacina tríplice viral, pentavalente
e poliomielite ao estado e ao ministério. O total do recurso vai variar
conforme a unidade federativa. As maiores parcelas estão reservadas para São
Paulo (R$ 44,7 milhões), Minas Gerais (R$ 20,9 milhões), Rio de Janeiro (16,6
milhões) e Bahia (R$ 15,2 milhões).
Caroline Martins, que
representou no evento a Secretaria de Atenção Primária à Saúde, disse que os
postos de saúde devem aproveitar cada oportunidade que tiverem para perguntar
aos usuários do serviço se a sua vacina contra o sarampo e a dos familiares estão
em dia.
Ela recomenda também que as
unidades de saúde mantenham as salas de vacinação abertas durante todo seu
horário de funcionamento, inclusive as que já estão com expediente estendido.
"Horário de almoço, à noite. É importante manter funcionando. Evitar
complicações e barreiras na vacinação, ou seja, evitar que o usuário que
procura a vacinação tenha que voltar inúmeras vezes por estar sem o comprovante
de residência ou sem algum documento de identificação. Fazer isso de maneira
responsável, mas de maneira a evitar criar uma complicação a cada vez que vai
procurar a vacinação", afirmou.
No total, a campanha dispõe
de um investimento de R$ 19 milhões para as ações de comunicação, que
constituem o Movimento Vacina Brasil. Entre os objetivos, está o combate às
fake news (notícias falsas), que disseminam inverdades sobre os efeitos das
vacinas e que são, segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta, um fenômeno
"global", não ficando restrito ao Brasil.
Sobre a doença
Causado por um vírus, o
sarampo é uma doença infecciosa grave, que pode levar à morte. A transmissão
ocorre por via aérea, ou seja, quando a pessoa infectada tosse, fala ou respira
próximo de outras pessoas.
Mesmo quando o paciente não
vai a óbito, há possibilidade de a infecção ocasionar sequelas irreversíveis.
Quando a doença ocorre na infância, o doente pode desenvolver pneumonia,
encefalite aguda e otite média aguda, que pode gerar perda auditiva permanente.
Os sintomas do sarampo são
febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, coriza (nariz escorrendo ou
entupido) e mal-estar intenso. Quando o quadro completa de três a cinco dias,
podem aparecer manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas do paciente.
A prevenção ao sarampo,
feita por meio da vacinação, é fundamental, já que não há tratamento para a
doença. O tipo da vacina varia conforme a idade da pessoa que irá tomá-la, e a
situação epidemiológica da região onde vive, ou seja, é necessário levar em
conta a incidência da doença no local. Quando há um surto, por exemplo, a dose aplicada
pode ser do tipo dupla viral, que protege contra sarampo e rubéola.
Há, ainda, as variedades
tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e tetra viral (sarampo, caxumba,
rubéola e varicela, mais conhecida como catapora). As vacinas estão disponíveis
em unidades públicas e privadas de vacinação. Segundo o Ministério da Saúde, o
Sistema Único de Saúde (SUS) oferece doses gratuitamente, em mais de 36 mil
salas de vacinação, localizadas em postos de saúde de todo o Brasil.
O governo brasileiro
recomenda que pessoas na faixa entre 12 meses e 29 anos de idade recebam duas
doses da vacina. Para a população com idade entre 30 a 49 anos, a indicação é
de uma dose.
Recentemente, o Brasil
perdeu o certificado de eliminação da doença. Na semana passada, passaram a
apresentar semelhante condição quatro países da Europa: Reino Unido, Grécia,
República Tcheca e Albânia. De acordo com o Ministério da Saúde, no primeiro
semestre deste ano, Cazaquistão, Geórgia, Rússia e Ucrânia concentraram 78% dos
casos registrados na Europa.
Por Letycia Bond - Repórter
da Agência Brasil
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