Delator relata esquema milionário de propina envolvendo Ricardo Coutinho, ex-governador da PB
Daniel Gomes gravou
secretamente as conversas com o ex-governador e disse que o atual governador,
João Azevêdo, também pediu ajuda para campanha. Defesa de Coutinho nega, e o
governo do Estado diz que 'não compactua com qualquer ato irregular'.
O empresário Daniel Gomes
relatou a investigadores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado) que superfaturava contratos e pagava 10% do valor em propina
ao ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB). Daniel tinha contratos com
o governo na área da Saúde por meio de duas organizações sociais - entidades
privadas sem fins lucrativos.
O esquema foi desarticulado
na Operação Calvário, e o empresário preso em dezembro do ano passado. Ele fez
delação premiada e agora responde em liberdade.
Em vídeos exibidos neste
domingo (22) pelo Fantástico, o agora delator afirma aos investigadores que os
repasses foram negociados com Ricardo Coutinho desde 2010 e que o esquema
ilegal continuou com o atual governador João Azevêdo (sem partido). "O
Ricardo era o líder, indiscutivelmente", afirma.
O empresário também pagou
com dinheiro de corrupção as despesas de Coutinho em São Paulo, no show do
Roger Waters em 2018, e no Rio de Janeiro, no desfile das escolas de samba de
2012.
Durante todo o período em
que esteve envolvido no esquema, Daniel Gomes carregava um gravador escondido.
O empresário começou a gravar o então governador em 2010 e seguiu registrando
tudo até o final de 2018. A Polícia Federal e o Ministério Público tiveram que
analisar mais de mil horas de reuniões e pedidos de propina.
A Operação Calvário
investiga uma suposta organização criminosa que desviou R$ 134,2 milhões de
recursos da saúde e educação. Foram presas 14 pessoas, sendo nove na Paraíba,
duas no Rio Grande do Norte, uma no Rio de Janeiro e uma no Paraná. Todos os 54
mandados de busca e apreensão foram cumpridos. O ex-governador da Paraíba
Ricardo Coutinho tinha mandado de prisão preventiva expedido, mas estava em
viagem de férias fora do país e foi preso ao retornar ao Brasil, na
quinta-feira (19). Ele e outras quatro pessoas foram soltas no sábado (21),
após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O que dizem os citados
À reportagem da Rede Globo,
o Governo do Estado informou que "nunca houve acerto para manutenção da
prestação de serviço na saúde, que o governador João Azevêdo não compactua com
qualquer ato irregular que tenha sido praticado anteriormente e muito menos se
envolve com atos que não sejam de moralidade administrativa".
Já a defesa de Ricardo
Coutinho disse que “não se pode concluir que numa conversa gravada há tantos
anos, por exemplo, implique necessariamente num ato de corrupção. Até porque
são valores estratosféricos. O ex-governador não tem patrimônio”.
Por G1 PB com Fantástico
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