MP apura pagamento de R$ 30 mil em dinheiro vivo por Flávio Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro - Foto: Brenno Carvalho |
Senador pagou mobília de
apartamento onde morava com valores em espécie; ex-proprietário prestou
depoimento aos promotores que investigam o caso.
RIO — O Ministério Público
do Rio (MP-RJ) apura um pagamento de R$ 30 mil feito pelo senador Flávio
Bolsonaro (sem partido-RJ) em dinheiro vivo para ficar com a mobília do
apartamento onde morava com a família até o início deste ano na Barra da
Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O imóvel foi comprado em 2014 pelo
valor de R$ 2,55 milhões.
O pagamento em dinheiro vivo
consta de um depoimento do proprietário anterior do imóvel ao MP revelado pelo
jornal "Folha de S. Paulo" e confirmado pelo GLOBO. De acordo com o
empresário David Macedo Neto, o senador fez dez depósitos de R$ 3 mil, entre
outubro e novembro de 2014.
A investigação do MP-RJ
apura o uso de valores em espécie para lavagem de dinheiro em meio a suspeita
da prática de "rachadinha", como é conhecida a devolução de parte dos
salários de assessores para parlamentares, no antigo gabinete de Flávio na
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde foi deputado estadual
por quatro mandatos. De acordo com as investigações, a suspeita é de que
Fabrício Queiroz, ex-chefe de segurança de Flávio, coordenava o recolhimento de
parte dos salários de funcionários.
O Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) identificou transferências de outros oito
ex-assessores de Flávio para ele ao longo de 2017. Entre os funcionários, estão
sua mulher e duas filhas.
David Macedo Neto foi
chamado para depor depois que teve o sigilo fiscal e bancário quebrado pelo
Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), a pedido do MP, junto com outras 95 pessoas
e empresas em abril. Com isso, foram verificados os pagamentos em dinheiro. O
MP apura possível lavagem de dinheiro durante as transações imobiliárias feitas
pelo senador.
O uso de dinheiro vivo já
fez com que Flávio Bolsonaro fosse alvo de uma comunicação do Coaf. Em 2017, o
órgão identificou 48 depósitos no valor de R$ 2 mil ao longo de cinco dias em
um caixa de autoatendimento de uma agência bancária localizada dentro da Alerj.
Depois da divulgação do relatório em janeiro deste ano, o senador disse que fez
os depósitos dessa forma porque era o limite dos depósitos no caixa e porque
recebeu R$ 96 mil em dinheiro após a venda de um apartamento.
O advogado Frederick Wassef,
que atua na defesa do senador Flávio, disse que a "compra e o pagamento
dos móveis ocorreram de maneira legal e de acordo com o combinado com David
Macedo Neto". Segundo ele, não houve qualquer irregularidade na operação.
A defesa disse ainda que
"são inúmeras as informações das autoridades do Rio de Janeiro que não
correspondem à verdade. Números errados, contas malfeitas e informações fora de
contexto têm sido usadas para criar uma narrativa falsa".
Wassef disse ainda que
"forças ocultas do Rio de Janeiro têm quebrado as regras para promover um
julgamento antecipado e um linchamento do meu cliente. Diante de todos esses
absurdos, reafirmamos que Flávio Bolsonaro é inocente".
Juliana Dal Piva/O Globo
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