Pesquisa desenvolvida no Hospital Regional de Picuí-PB, é tema de dissertação de mestrado na UFPB.
No último dia 16 de dezembro
a Universidade Federal da Paraíba concedeu o título de Mestre em Ciências ao
cirurgião buco-maxilo-facial dr. Edgley Porto por sua pesquisa científica
intitulada “Traumatismos maxilo-faciais por acidentes de trânsito e queda e fatores
associados: um estudo retrospectivo” desenvolvida no Hospital Regional Felipe
Tiago Gomes de Picuí-PB.
“Esta pesquisa retrata os
resultados de um projeto que tem sido realizado no Hospital Regional de Picuí
desde 2011. Consiste em um grande banco de dados que é alimentado diariamente
com o registro de todos os pacientes atendidos pelo Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, com o objetivo de traçar o perfil do paciente
com traumatismo buco-maxilo-facial atendido pelo nosso Serviço, através da
análise estatística de variáveis como gênero, faixa etária, cor da pele,
condição socioeconômica, etiologia da lesão, local de procedência do paciente,
diagnóstico, tipo de tratamento, dia e horário do atendimento”.
Destacamos abaixo alguns resultados
da pesquisa:
Realizou-se um estudo
analítico, quantitativo, transversal, por meio da análise de 585 prontuários de
pacientes com traumatismo maxilo-facial atendidos no Hospital regional de
Picuí, durante o período compreendido entre dezembro de 2011 e dezembro de
2018.
TMF por acidentes de
trânsito somaram 308 (52,6%) prontuários; 173 (29,6%) por quedas e 104 (17,8%)
por agressão física.
A maioria dos pacientes era
do sexo masculino (68,5%), com média de 33 anos (desvio padrão 8,1). Houve
predomínio de adultos jovens na faixa de 21 a 40 anos (50,3%), com renda de até
dois salários mínimos (49,7%) e com escolaridade acima de oito anos de (62,0%).
Traumatismos maxilo-faciais
ocorreram em todas as regiões da face em proporções diferentes, sendo as fraturas
do complexo zigomático-orbital as mais prevalentes neste estudo (52,3%). A
redução incruenta foi o tratamento mais realizado (41,2%). A maioria dos
pacientes ingeriram bebida alcoólica (57,1%) e não fizeram uso de EPI no
momento do acidente (85,4%). Os traumatismos maxilo-faciais em dias úteis
(60,4%) e entre 12:01 às 18:00 (42,9%) foram os mais prevalentes.
Os pacientes de 21 a 40 anos
e que fizeram uso de bebida alcoólica tiveram cerca de duas vezes maior
prevalência de sofrerem acidentes de trânsito do que os demais pacientes. Já os
pacientes acima de 41 anos tiveram aproximadamente duas vezes maior prevalência
de sofrerem quedas.
Os pacientes que fizeram
ingestão de álcool tiveram maior tempo de internação devido à gravidade de sua
condição clínica nos acidentes de trânsito.
Os custos hospitalares dos
pacientes com traumatismos maxilo-faciais, somaram R$ 155.789,19, custo médio
geral de US$ 266,32 por paciente. Para os pacientes vítimas de acidentes de
trânsito, o custo hospitalar total foi R$ 122.423,71; com média de R$ 402,68
por paciente. Os pacientes que sofreram quedas somaram um custo hospitalar
total de R$ 15.708,94; com média de R$ 90,81 por paciente.
Para os acidentes de
trânsito, os pacientes que não fizeram uso de equipamento de proteção
individual (capacete e cinto de segurança) os custos hospitalares foram maiores
devido à maior gravidade dos traumatismos maxilo-faciais.
Conclui-se que acidentes de
trânsito e quedas são duas das principais etiologias dos TMF, especialmente no
sexo masculino entre adultos jovens para os acidentes de trânsito, e acima de
41 anos para as quedas. O consumo de álcool e o não uso de EPI influenciaram o
tempo de internação e custos hospitalares. Nesse sentido, esses resultados
podem ser uteis as autoridades locais e toda a população na perspectiva de
elaboração de estratégias de enfrentamento dessa problemática, como melhoria
nas estradas e rodovias, efetivação na fiscalização das leis, articulação
intersetorial envolvendo toda a comunidade para implementação de políticas e
programas de prevenção direcionados a este público.
“Penso que esta pesquisa
servirá de subsídio técnico para a direção do Hospital Regional de Picuí-PB e
para os órgãos competentes, tais como as Secretarias Municipais e Estadual de
Saúde da Paraíba, Departamento Estadual de Trânsito, Imprensa, bem como a
Sociedade Civil em geral, a fim de que juntos tenhamos melhores condições de
formular políticas públicas à essa população do estudo, direcionando com
eficiência os recursos com vistas a dar maior prioridade a campanhas
preventivas e maior resolutividade no tratamento dos pacientes no próprio
município de Picuí, evitando as transferências dos mesmos para os grandes
centros como Campina Grande-PB e João Pessoa-PB, o que ocasionará o aumento na
superlotação dos hospitais daquelas cidades”.
“Quero agradecer e pedir
forças a Deus de poder continuar desenvolvendo esse projeto e expressar aqui
minha gratidão a todos que fazem parte do Hospital Regional Felipe Tiago Gomes
de Picuí-PB, desde o pessoal de apoio, maqueiros, técnicos, enfermeiros e
médicos, indistintamente, sem é claro deixar de ressaltar o apoio da direção,
sem o qual não teríamos como desenvolver esta pesquisa” - acrescentou Dr. Edgley Porto.
ClickPicui com Dr. Edgley
Porto
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