Coronavírus: ministro defende adiar eleições e antecipar formatura de estudantes de medicina.
Para Luiz Henrique Mandetta
(Saúde), ações 'políticas' podem atrapalhar o combate à pandemia. Ele deu a
declaração durante teleconferência com prefeitos de capitais.
O ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, defendeu neste domingo (22) que as eleições municipais deste
ano sejam adiadas para que ações "políticas" não prejudiquem as
medidas que estão sendo adotadas para o enfrentamento da epidemia de
coronavírus.
Em teleconferência com
prefeitos de capitais, ele também informou que está sendo estudada a
possibilidade de antecipar a formatura de estudantes de medicina para permitir
que eles ajudem no tratamento aos doentes durante a crise.
"Eu faço até uma
sugestão para você discutirem. Está na hora de olhar e falar assim: 'ó, adia,
faz um mandato tampão desses vereadores, desses prefeitos'. Eleição no meio do
ano é uma tragédia, vai todo mundo querer fazer ação política", disse
Mandetta.
O ministro deu a declaração
em meio a conversa com o prefeito de Belém (PA), Zenaldo Coutinho, que reclamou
da dificuldade de contato com a secretaria estadual de Saúde do Pará.
Alunos de medicina
Aos prefeitos que
participaram da teleconferência, Mandetta disse que o governo vai antecipar a
formatura dos alunos de medicina que estejam no sexto ano e que "falta um
mês, dois meses para se formar."
"Vamos acelerar, esses
meninos são jovens. Eles não têm experiência mas eles podem fazer uma parte do
atendimento. Eles têm 7.300 horas de capacitação. Faça uma imersão para eles,
não para coloca-los no CTI, mas ele pode muito bem ajudar e trabalhar muito com
aquela massa que está atrás", disse o ministro.
A assessoria do Ministério
da Saúde informou mais tarde neste domingo que a medida está sendo discutida
com o Ministério da Educação.
Na sexta (20), o Ministério
da Educação já havia publicado portaria que autoriza estudantes de medicina,
enfermagem, farmácia e fisioterapia a fazer estágio em unidades onde poderão
auxiliar o combate à pandemia de coronavírus no país.
Os estudantes serão alocados
em unidades básicas de saúde, unidades de pronto atendimento, rede hospitalar e
comunidades, atuando exclusivamente nas áreas de clínica médica, pediatria,
saúde coletiva e apoio às famílias, de acordo com as especificidades de cada
curso.
A permissão será temporária,
enquanto durar a emergência em saúde pública, e é válida para estudantes dos
dois últimos anos do curso de medicina e do último ano dos cursos de enfermagem,
farmácia e fisioterapia.
Respirador
Mandetta disse ainda que o
governo federal está projetando, junto com uma universidade e empresas, a
produção de um respirador básico para ser distribuído no país e que vai
auxiliar no tratamento de doentes infectados pelo novo coronavírus.
Na conversa, ele afirmou
que, devido à alta da demanda provocada pela epidemia, o Brasil, assim como
outros países, enfrenta dificuldades para comprar esses respiradores, que são
usados principalmente em pacientes internados em UTIs.
"Você sonha com uma
Ferrari, mas nós estamos desenhando com a Coppe-Rio, com algumas unidades do
Brasil de produção, um respirador, um fusquinha, para que a gente possa ter com
muita capilaridade", disse Mandetta.
Coppe é o Instituto Alberto
Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ).
Mandetta disse que o país
tem duas empresas que produzem esse tipo de respirador, que as duas estão
produzindo na capacidade máxima e que o governo brasileiro barrou as
exportações desses equipamentos para que atendam à demanda interna.
Ele afirmou ainda que o
presidente Jair Bolsonaro está fazendo um "chamamento" para que
empresas que tenham "similaridade" possam ajudar na produção de peças
e no aumento da fabricação de respiradores.
Mandetta também afirmou que
vai avaliar a possibilidade de renovar automaticamente o contrato de médicos
que atuam no programa Mais Médicos.
Por Fábio Amato, G1 —
Brasília
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