Bolsonaro pede que isolamento acabe esta semana, mas Nelson Teich e Paulo Guedes falam em fim progressivo e planejado.
Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da saúde Nelson Teich que tomou posse no último dia 17 |
Horas depois de o presidente
Jair Bolsonaro voltar a pedir o fim do isolamento e dizer que espera que as
restrições impostas por governadores e prefeitos acabem ainda nesta semana, os
ministros da Saúde, Nelson Teich, e da Economia, Paulo Guedes, pregaram que o
relaxamento das medidas de distanciamento social deverá ocorrer de forma
“progressiva, estruturada e planejada” e “no devido tempo”. As regras que impuseram
a quarentena para quem pode ficar em casa foram um dos motivos de divergência
entre o presidente e o ex-titular da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que deixou o
cargo na quinta-feira passada (dia 16) após semanas de desgaste por conta da
condução do combate ao novo coronavírus.
— A gente está atuando em
três braços que são fundamentais. Um: entender melhor a doença, fazer o
diagnóstico, entender a evolução. A segunda coisa: preparar a infraestrutura
para o tratamento para que, nesse tempo em que a gente está afastado, vai ser
usado para melhorar, preparar para o cuidado. E o terceiro: com essa
preparação, desenhar esse programa de saída progressiva, estruturada e
planejada do distanciamento social — disse Teich em vídeo divulgado na noite
desta segunda-feira (20) pela assessoria de comunicação da pasta.
Pela manhã, o presidente
havia dito:
— Eu espero que essa seja a
última semana dessa quarentena, dessa maneira de combater o vírus, todo mundo
em casa. A massa não aguenta ficar em casa, porque a geladeira está vazia —
afirmou Bolsonaro, que colocou em dúvida a eficácia do isolamento: — Essas
medidas em alguns estados foram excessivas. Não atingiram seu objetivo.
Aproximadamente 70% da população vai ser infectada, não adianta querer correr
disso, é uma verdade. Estão com medo da verdade?
Teich, que assumiu o cargo
sexta-feira (dia 17), disse no vídeo divulgado pelo ministério que a previsão
de compra de testes para o novo coronavírus subiu de 24 milhões para 46
milhões, mas não deu prazo para as entregas. A testagem em massa é uma das
formas de relaxar a quarentena em lugares onde o nível de contágio já tenha
atingido um patamar considerado seguro. O ministro explicou que testar em massa
não quer dizer que todos os brasileiros vão fazer o exame:
— A Coreia do Sul, que é uma
referência em testes, fez 10 mil testes por milhão de pessoas. Não estamos
falando em testar o país inteiro. A gente vai usar o teste de uma forma em que
as pessoas testadas vão refletir a população brasileira.
Teich anunciou também a
compra de 3,3 mil respiradores, usados no tratamento de pacientes graves, dos
quais 1.150 vão ser entregues em maio e o restante em até 90 dias. Com isso,
segundo o Ministério da Saúde, já foram assinados contratos para a aquisição de
14,1 mil aparelhos. Em 8 de abril, a pasta já havia prometido 14 mil
respiradores em 90 dias.
Guedes: ‘sinais vitais’
preservados
Também nesta segunda-feira,
o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que preservar o que chama de
“sinais vitais” da economia não significa sair do isolamento social agora.
— A economia vem com mais
força do que está se pensando porque ela já estava começando a se mover. E se
nós preservamos os sinais vitais vamos sair. Preservar os sinais vitais da
economia não significa sair do isolamento agora. Significa fazer a coisa
programada, fazer direito, fazer no devido tempo — afirmou Guedes, em
transmissão ao vivo de uma instituição financeira.
Para Guedes, é preciso
cuidar da saúde e da economia:
— Esse é o ponto futuro
(sair do isolamento). Está acontecendo na China, os governos lá fora estão
começando a planejar a saída. Nós temos que pensar isso também. São duas
dimensões. Tem que pensar as duas dimensões.
Guedes chamou de
“advertência” as críticas do presidente Jair Bolsonaro às medidas de isolamento
social. E sugeriu que setores podem funcionar com proteção adequada aos
trabalhadores.
Por Extra
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