Undime lança publicação com dicas para gestores educacionais.
Agenda do Cem Dias traz uma
série de recomendações para secretários que assumem a pasta, com dicas do que
dirigentes devem priorizar nos primeiros meses à frente da educação municipal.
Com a posse de milhares de
novos prefeitos pelo País na última sexta-feira (1), as redes municipais de
Educação também ganharam novos gestores, que vão ter de enfrentar além dos
desafios já tradicionais, a pandemia da Covid-19. Diante da necessidade dos secretários
conhecerem bem a pasta que herdaram da gestão anterior, a União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação (Undime) lançou a Agenda dos Cem Primeiros
Dias.
O documento dá ênfase à
importância de os dirigentes conhecerem o estágio atual das ações desenvolvidas
pelos gestores que ocupavam o cargo. Isso passa por entender a legislação, as
políticas, diretrizes, programas e projetos que foram implantados ou estão em
implementação, a situação dos convênios e contratos vigentes, além das
prestações de contas entregues ou que estejam pendentes.
Em entrevista ao portal
Brasil61.com, Luiz Miguel Martins, presidente da Undime, destaca que a agenda
servirá de norte para que os gestores de educação, sobretudo os mais
inexperientes, possam programar o ano de trabalho.
“É um mapa, um guia, que
permite que o dirigente municipal de Educação possa olhar a sua ação, sua
prática e otimizar os seus esforços, fazendo com que, o mais rápido possível
ele coloque sua rede em condição de receber os alunos, de fazer o trabalho
pedagógico e garantir uma educação de qualidade”, explica.
Agenda
De acordo com a publicação,
nos cem primeiros dias de trabalho, o Dirigente Municipal de Educação (DME)
precisa organizar uma agenda político-administrativa com dados e informações
essenciais sobre o contexto da instituição que passou a comandar. Isto é, a
própria Secretaria de Educação local.
A agenda reforça que isso
passa por conhecer bem aspectos mais amplos e que influenciam o funcionamento
da Educação no município. Por isso recomenda que o gestor se atente aos termos
sociais, econômicos, políticos e culturais da cidade, ou seja, que ele conheça
a história e a realidade do lugar onde vai trabalhar.
Eduardo Ferreira, secretário
de Educação em Canarana (MT), destaca que procurou ter uma visão mais ampla do
município ao assumir a pasta, buscando dialogar com outras áreas para melhorar
aspectos ligados ao ensino.
“A educação está no centro
de tudo o que acontece no município. Era importante eu entender como que o
município estava crescendo para eu projetar a ampliação de vagas em creche, por
exemplo. Qualquer gestor que assume a Educação tem que ter um olhar macro para
conseguir canalizar e direcionar investimentos no sentido de fomentar e
subsidiar à medida que o município vai crescendo. Esse conhecimento das outras
áreas e essa interlocução é muito importante”, acredita.
O documento orienta os
secretários de Educação a se atentarem a outras ações importantes. A primeira
delas é conhecer os atores e as regras da política municipal. Isso passa por
saber como o poder local está organizado, quem são os profissionais com quem
irá trabalhar, os parceiros da iniciativa privada, os movimentos sociais
atuantes e as entidades da sociedade civil.
Mais especificamente no
campo em que vai atuar, o gestor deve conhecer com profundidade o Plano
Municipal de Educação (PME) e as plataformas Conviva Educação e Busca Ativa
Escolar.
Agência Brasil |
Aspectos específicos
A agenda elenca doze
assuntos aos quais os secretários municipais de Educação devem se ater durante
os primeiros três meses de governo. Entre eles estão a relação de providências
para o início do ano letivo — hoje bastante associada a ações para o combate a
pandemia da Covid-19 na volta às aulas presenciais —, os números da demanda
escolar e um levantamento das necessidades básicas para que as escolas
funcionem regularmente.
Luiz Miguel destaca que até
mesmo os dirigentes que vão para um segundo mandato à frente das secretarias
podem revisitar a agenda, principalmente pelo fator novo que é a pandemia da
Covid-19. “Aqueles que também já estão na ativa, mesmo continuando uma gestão,
esse guia traz informações relevantes no contexto que nós vivemos”,
informa.
O documento chama a atenção
para que o dirigente não cuide apenas dos aspectos pedagógicos durante a
gestão, mas que é importante dar igual peso às atividades ligadas à gestão
administrativa da rede de ensino. Por isso, destaca que é preciso conhecer o
Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei
Orçamentária Anual (LOA), sobretudo porque foram aprovadas na gestão anterior e
continuam em vigor em 2021.
Ainda este ano, é preciso
que o secretário de Educação se reúna com a equipe para elaborar o PPA, cuja
duração é de quatro anos, e a nova LDO. Alguns detalhes não podem passar
despercebidos. O pagamento dos aposentados, por exemplo, não pode ser feito com
recursos oriundos dos 25% destinados pela Constituição à manutenção e
desenvolvimento do ensino, tampouco com dinheiro do Fundeb, o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação.
A Undime também orienta os
gestores em relação a dois desafios cruciais para a educação municipal: o
transporte e a alimentação escolar. Para lidar com o primeiro, o dirigente deve
verificar se o sistema de transporte é próprio, terceirizado ou misto, conhecer
as rotas, escolas atendidas e estudantes transportados, conferir o estado da
frota de veículos, procurar a Secretaria Estadual de Educação caso o município
seja responsável pelo transporte dos alunos da rede estadual e checar se as
medidas de segurança sanitária foram feitas.
Segundo a publicação, os 25%
do orçamento do município para a Educação não abrangem o transporte de
estudantes do ensino superior. Eduardo conta que a situação da frota de
veículos escolares era precária quando ele recebeu a pasta em 2018. Diante
disso, viu a necessidade de adquirir novos ônibus e elaborar uma estratégia
para evitar que o problema persista no futuro.
“Infelizmente, os municípios
não têm o hábito de criar um programa de renovação de frotas. Eu costumo dizer
que, se nós nos organizamos para substituir os nossos veículos, por que não
vamos fazer isso em torno de bem público? Porque vai chegar um momento em que
ele vai ficar inservível ou obsoleto e a gente tem que ter recurso suficiente
para fazer essa substituição”, afirma.
Já em relação à oferta de
alimentação escolar, o município pode contar com ajuda suplementar do Programa
Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e com recursos próprios. Neste caso, o
gasto não pode ser computado como parte dos 25% estabelecidos pela Constituição.
O secretário de Educação
municipal deve checar se o contrato está vigente, caso a alimentação escolar
seja terceirizada. Se o contrato estiver vencido, o dirigente deve regularizar
a situação com a abertura de uma licitação ou adotar nova metodologia para
fornecer a alimentação escolar. Outra dica da Undime é que o gestor educacional
analise a legislação e as resoluções, principalmente as que tratam dos 30% dos
recursos que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) repassa aos
municípios pelo Pnae para compra de produtos da agricultura familiar.
Outras publicações
Com o objetivo de ajudar os
novos dirigentes de educação de todo o País, a Undime também elaborou outras
duas publicações. São elas o Caderno de Orientações ao Dirigente Municipal de
Educação e o Folheto Excelência na Gestão da Educação Municipal. Os documentos
são versões atualizadas de materiais que a Undime produz desde 2009.
As publicações tiveram a
contribuição da Fundação Santillana e do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para
a Infância. Ao todo, 5.568 dirigentes de educação vão receber a versão impressa
dos três documentos a partir da segunda quinzena de janeiro.
Fonte: Brasil 61 -
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