Baixo nível dos reservatórios impacta tarifa de energia e produção de alimentos.
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Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
O ONS estipulou que o custo
marginal de operação, que é o valor gasto para atender a produção da energia,
deve ser de R$ 1.030 por megawatts hora, um aumento de 7%.
O nível dos rios que
abastecem as hidrelétricas deve continuar abaixo da média histórica nos
próximos dias. É o que projeta o relatório do Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS). Dados da instituição apontam que todas as regiões do Brasil
estão com esse problema, mas no Sul, Centro-Oeste e Sudeste a situação é ainda
mais delicada.
Por meio de nota, o ONS
informou que “não tem como garantir até quando se estenderá a escassez hídrica.
Mas historicamente em novembro já começa o período úmido”. O operador pontuou,
ainda, que teve que “adotar algumas ações excepcionais para enfrentar com
segurança este período de baixa dos reservatórios e garantir o suprimento de
energia”.
Entre as medidas estão a
ampliação do acionamento das térmicas, solicitação de flexibilizações
hidráulicas de algumas bacias que abastecem os reservatórios das usinas
hidrelétricas e importação de energia da Argentina e do Uruguai, quando
possível, sem limitação nos montantes e preços associados.
A previsão é que a região
Sudeste, em conjunto com a Centro-Oeste, termine o mês de julho com os
reservatórios em 26% da capacidade. Ou seja, quase um quarto do total. Já a
região Sul deve ficar com os reservatórios em 45% da capacidade. Enquanto isso,
o Nordeste deve terminar o mês com 53% da capacidade e a região Norte com 80%
dos reservatórios cheios.
Para o coordenador de
Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),
Nelson Ananias, é importante que haja uma boa gestão do uso da água, assim como
da energia gerada por ela, para garantir, entre outras coisas, qualidade e
volume na produção de alimentos.
“Temos que lembrar que a
água tanto é insumo para geração de energia elétrica e insumo essencial para
produção agropecuária brasileira. Aquela geração que garante segurança
alimentar, empregos e todos os produtos que chegam à mesa dos consumidores
brasileiros”, pontua.
Segundo o ministro de Minas
e Energia, Bento Albuquerque, a crise hídrica não ocorre somente no Brasil, e que
se trata de um processo de mudança climática. Ele pontuou, ainda, que o quadro
não ocorre em todo o país, mas concentrada particularmente na região
Centro-Oeste e no Sudeste.
Conscientização
A estimativa é de que o
volume de chuvas do Brasil, em 2021, seja o menor dos últimos 90 anos.
Inclusive, o governo iniciou uma campanha para o consumo consciente de água e
luz. No entanto, a possibilidade de racionamento foi descartada.
A previsão é de que o
consumo de energia deve aumentar 3,7% em julho deste ano em relação ao mesmo
mês de 2020. Essa elevação está relacionada aos crescimentos das atividades do
comércio, serviços e da produção industrial.
O economista da FGV IBRE,
André Braz, explica que o aumento do nível dos reservatórios depende, além de
um maior volume de chuvas, que essa água caia em pontos estratégicos.
“Às vezes chove muito, mas
em áreas que não possibilitam a captação desse volume de água para o
reservatório. Então, é importante chover, mas nas áreas onde os reservatórios
estão instalados. Porque às vezes chove em determinada região do país e a gente
acha que o sistema hídrico está normalizado, mas a conta de luz só faz subir.
Isso ocorre porque aquela chuva não está na área que nos ajudaria a ter uma
geração de energia mais barata”, destaca.
O ONS acredita que o valor gasto para atender a produção da energia deve ser de R$ 1.030 por megawatts hora. Neste caso, haverá um salto de 7% em comparação com a quadro da última semana. Essa diferença pode se dar pelo aumento do consumo de energia gerada pelas termelétricas, consideradas mais caras.
Fonte: Brasil 61 -
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