Gestores municipais de educação priorizam busca ativa de estudantes e suporte aos diretores, diz estudo da Undime.
Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília
Levantamento em parceria com
Itaú Social e Unicef ouviu mais de 3,3 mil redes municipais de ensino.
Os gestores municipais de
educação apontam que a busca ativa dos estudantes e o suporte para os diretores
são as prioridades do segmento em meio à pandemia da Covid-19, aponta estudo da
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), divulgado nesta
quinta-feira (22). O levantamento — que contou com o apoio do Itaú Social e do
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) — teve a participação de 3.355
redes municipais de ensino, o equivalente a 60,2% das existentes no país.
A pesquisa buscou
informações sobre quatro aspectos: como foi a transição entre os anos letivos
de 2020 e 2021; quais foram as estratégias de ensino adotadas este ano; como
está o planejamento para o segundo semestre e quais os principais desafios das
secretarias municipais de educação.
Para 61% dos respondentes, o
suporte aos diretores é a maior prioridade neste momento de atividades
predominantemente não presenciais. Quando o assunto é ir atrás dos estudantes
que deixaram de ter vínculo com a escola, 59,4% atribuíram grau máximo de
prioridade.
A representante do Unicef no
Brasil, Florence Bauer, destacou que mais de cinco milhões de crianças e
adolescentes estão sem acesso à educação no país por conta da suspensão das
aulas presenciais e dificuldades de conectividade para participarem do ensino
remoto. Por isso, ela destacou a importância de as redes municipais priorizarem
a reintegração desses estudantes ao espaço escolar.
“Sabemos que cinco milhões
de meninos e meninas estão sem vínculo ou com vínculo reduzido com a escola.
A volta à educação precisa também de uma busca ativa de cada criança, que
precisa de um acolhimento personalizado na escola. Não é só trazer ela de
volta, mas é preciso ajudá-la”, defende.
Questionados sobre os
métodos usados para buscar os estudantes que não têm acompanhado as atividades
escolares desde o início da pandemia, 71,8% dos gestores responderam que
utilizam a estratégia Busca Ativa Escolar. A ferramenta foi desenvolvida pelo
Unicef em parceria com a Undime e outras entidades com o objetivo de auxiliar
estados e municípios a identificar crianças e adolescentes que estão fora das
escolas, ajudando-os a voltar às salas de aula, permanecer e aprender.
Outros 27,5% dos
respondentes disseram que usam outra estratégia de reintegração. Apenas 0,7%
disseram que não realizam nenhuma ação nesse sentido. “Acho muito importante
esse reconhecimento da estratégia da Busca Ativa Escolar. Mais do que um
projeto desenvolvido pela Undime e Unicef no Brasil e todo o seu processo, os
municípios aderiram, a iniciativa trouxe uma cultura de busca ativa”, comemora
Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime.
Apoio a diretores
A gerente de Pesquisa e
Desenvolvimento do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, considerou positiva a
preocupação das redes municipais com o suporte aos diretores. Para ela, esse
apoio será crucial na retomada das aulas presenciais. “Todas as experiências
internacionais estão mostrando que as secretarias precisam ter uma estratégia
muito mais voltada para apoiar os diretores e dar condições de trabalho aos
gestores e professores na retomada”, pontua.
Segundo Patrícia,
professores e alunos voltarão ao ambiente escolar com as emoções abaladas e
caberá aos diretores administrar essa situação, além dos desafios comumente
esperados. “Essa demanda, tudo isso vai chegar para o diretor da escola, assim
como a necessidade de pensar e colocar estratégias para recuperar as lacunas de
aprendizagem e acelerá-las também. Diretores não podem ser deixados sozinhos. É
muito bom que as redes municipais estejam com esse olhar”, disse.
Avaliação diagnóstica
Embora a conectividade de
estudantes e professores e questões relacionadas à infraestrutura das escolas
sejam consideradas as maiores dificuldades enfrentadas pelas redes, os
dirigentes também destacaram a realização de avaliações diagnósticas como um
dos problemas que terão de superar. Cerca de 55% deles consideram que essa é
uma dificuldade que varia de grau médio a alto.
“A gente está caminhando
para ter um Sistema de Avaliação da Educação Básica no segundo semestre, mas
ele não responde à necessidade de apoio às redes de ensino como a avaliação de
diagnóstico, que conseguem entender como cada estudante está chegando nesse
segundo semestre. Os níveis de aprendizagem vão ser ainda mais desiguais do que
eram antes”, exemplifica Patrícia.
Mais dados
Em relação à transição entre
os anos letivos, 100% das redes municipais que participaram do estudo afirmaram
que concluíram o ano letivo de 2020 até dezembro. Este ano, apenas 1,5% ainda
não deu início às atividades. De acordo com o levantamento, 83,8% das escolas
iniciaram o ano letivo apenas de forma remota; 15,1% de modo híbrido, isto é,
com aulas à distância e presenciais; e somente 1,1% apenas de forma
presencial.
Ao todo, 98,2% dos
dirigentes utilizaram o material impresso e 97,5% lançaram mão de orientações
pelo WhatsApp como as estratégias de ensino não presenciais mais usadas em
2021. Em relação aos aspectos pedagógicos adotados para o início do calendário
letivo, quase 85% destacaram a reorganização curricular com priorização de
habilidades e conteúdos; 72,2% citaram a avaliação diagnóstica de lacunas de
aprendizagem.
Sobre a vacinação de
professores, gestores e demais trabalhadores da educação, 95,1% das redes
municipais afirmam que o município já deu início a imunização desses
profissionais. Mais de um ano após a suspensão das aulas presenciais, 40,4% das
redes ainda estão construindo um protocolo de segurança sanitária para o
retorno às aulas presenciais.
Fonte: Brasil 61 -
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