Apaixonado por aviação, borracheiro constrói aeronave no interior do RN: 'quando era criança sonhava voando'
Gênesis Gomes, o 'Bigode',
começou a construir o avião há pouco mais de um ano e o sonho dele é vê-lo
levantar voo.
Quem chega à casa de Gênesis
Gomes, no município de João Dias, no Sertão do Rio Grande do Norte, se depara
com uma imagem inusitada: um avião estacionado bem na frente. A aeronave foi
construída por ele, que se declara como um "faz-tudo", de profissão.
De borracheiro a entendedor de motores, foi assim que ele começou a produzir o
pequeno avião há pouco mais de um ano.
"A primeira vez que eu vi um
avião foi no aeroporto de Mossoró. Eu disse: é isso que eu quero fazer",
conta Gênesis, que é mais conhecido como "Bigode" e é assim que gosta
de ser chamado.
Ele nasceu na cidade de João Dias
- que fica a 372 km de Natal e a 158 km de Mossoró - e desde criança ama
aviação. "Quando era criança sonhava muito voando". Um sonho que até
os 29 anos nunca havia realizado.
Mas, na semana passada, um vídeo
em que ele aparece decolando em uma aeronave viralizou nas redes sociais. A
confusão veio justamente porque as pessoas acreditaram que era o avião que ele
tinha construído. "Ali era o giroscópio de um amigo meu, de Catolé do
Rocha, na Paraíba. Foi a primeira vez. Sobrevoamos a cidade de João Dias bem
alto. Foi bom demais", conta Bigode.
O voo aconteceu em um evento de
aviação na cidade da Paraíba, onde Bigode foi convidado a expor a aeronave. No
local, o cantor Waldonys, de quem é fã e com quem divide a mesma paixão pela
aviação, chegou a "taxiar" pela pista de pouso com o avião construído
pelo borracheiro.
"Foi um sonho duplo
realizado. Um era conhecer Waldonys e outro era voar", contou.
Mas ele não perdeu a esperança de
levantar voo com o avião que construiu. O motor da aeronave é de um fusca, mas
tem ainda peças de moto, caminhão, carro e bicicleta. Todos os materiais
comprados em sucatas. Até a bica da casa da mãe virou peça para o avião.
"Meu plano era fazer o avião
de fibra, mas eu não tinha condição. Aí eu vi que minha mãe tinha comprado uma
bica de zinco porque quando chovia caía água dentro da casa dela. Quando eu vi
eu disse: 'mãe, você vai ter que me dar para eu colocar no avião'. Ela me
perguntou: meu filho e a casa? Eu disse: ‘a casa depois a gente resolve
depois'".
Os 14 metros de zinco serviram
para fazer ajustes nas asas, mas ainda não foram suficientes. Ele contou ainda
com doações de vizinhos, que cederam outros materiais, como alumínio e madeira.
A agricultora Maria José da
Silva, esposa de Bigode, conta que os vizinhos ainda não se acostumaram com a
aeronave na porta de casa. "Tiram fotos. Já fizeram até carreata aqui na
frente", conta.
O casal até criou uma página nas
redes sociais @bigodedoavião para divulgar as invenções do borracheiro.
Bigode ainda vai realizar novos
testes com o avião. Mas, segundo ele, alguns mecânicos com quem conversou
durante o evento que participou em Catolé do Rocha disseram que, com alguns
ajustes, é possível que o avião decole.
Para ele, o sonho só vai estar
completo quando o avião que montou estiver pelos ares. "Antes desse avião
eu já tinha feito o mini-helicóptero, uma asa delta sem motor e uma com motor.
Mas não deram certo. Mas eu vou montar essa asa de novo e quero voar",
finaliza.
Por Amanda Melo, Inter TV Costa Branca
Nenhum comentário