Dia 8 de março: mulheres ainda buscam o cumprimento de direitos básicos.
O Dia Internacional das Mulheres
marca a luta por garantias de direitos à educação, melhores condições de
trabalho e salários iguais.
As mulheres são a maioria da
população brasileira, 52,2% do total. Entre os idosos, o percentual aumenta e
chega a 56,7%, segundo dados do IBGE. Por outro lado, são as que mais sofrem
com o desemprego. Dados da última Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio
(PNAD) mostraram que 17,1% das mulheres estão desempregadas, enquanto
11,7% dos homens estão nessa condição.
Entre os empregados ainda há
disparidade salarial. As mulheres ganham em média 24% a menos que homens mesmo
desempenhando funções semelhantes. Uma pesquisa de uma empresa recrutadora
revelou que essa diferença é menor entre os mais jovens e em cargos de menor
complexidade.
“A equiparação salarial é uma
luta incessante até nós alcançarmos o mesmo patamar. Já que nós exercemos as
mesmas funções, temos a mesma capacidade, por que não ganhar o mesmo salário?”,
defende a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB, Cristiane
Damasceno. Para ela, este Dia Internacional das Mulheres é um momento para
pensar nas questões de gênero que movem a sociedade. Para ela, as mulheres de
hoje têm grandes desafios para equilibrar a vida profissional e a carreira.
“A gente precisa criar
estratégias para que as mulheres possam fazer uma melhor gestão do tempo para
poder desenvolver sua carreira”, ponderou Cristiane Damasceno. Segundo ela, a
OAB está estudando estratégias para que as advogadas tenham um espaço para
cuidado com os filhos, para participação em audiências ou atendimento a
clientes. “Como nós sabemos as mulheres é que têm maiores incumbências com
essas questões domésticas inclusive com os filhos, isso seria uma forma de
ajudá-las a se colocarem de maneira mais efetiva dentro do próprio mercado de
trabalho”, argumentou.
Um longo caminho
Se a diferença de oportunidades
entre homens e mulheres já existe, para a advogada quilombola Josefina Serra,
ela é muito mais evidente quando se observa as questões de raça. Uma pesquisa
feita pelo Instituto Insper, em 2020, mostrou que o salário médio de um homem
branco é 159% maior do que o de uma mulher negra.
Hoje advogada, Josefina Serra já
foi empregada doméstica por muitos anos. Já ocupou cargos políticos em governo
estadual e na OAB ligados à igualdade racial. Para ela, a educação é a porta de
entrada para a diminuição das desigualdades. “Apesar de hoje a gente ver a
popularização dos debates sobre igualdade de gêneros por causa do feminismo e
do combate ao machismo, ainda há desigualdades salariais, violência sexual,
feminicídio, baixa representatividade política. Isso é evidente. Então, a nossa
luta ainda vai continuar durante muito tempo”, diz.
História
No dia 8 de março comemora-se o
Dia Internacional das Mulheres. A data foi oficializada pela ONU, em 1975, mas
lembra um momento muito anterior quando operárias de uma fábrica em Nova York
entraram em greve, em 1857, para reivindicar melhores condições de trabalho.
Entre as pautas também estavam a licença maternidade. Elas foram trancadas na
fábrica e, devido a um incêndio, 129 morreram.
Passados 165 anos da tragédia,
muitas das pautas levantadas pelas americanas ainda precisam ser alcançadas no
mundo. Para marcar a data, movimentos sindicais e sociais planejam
manifestações em 40 cidades nesta terça-feira. Além disso, a pauta do Senado
será dedicada à votação de projetos que tratam dos direitos das mulheres, como
o PL 3.048/2021, que prevê o agravamento de pena de crimes contra a honra caso
sejam praticados contra as mulheres. Além do projeto do senador Ciro Nogueira
(PP/PI), o PLS 47/2012, que prevê atendimento prioritário às vítimas de
violência doméstica em delegacias e hospitais.
Fonte: Brasil 61 -
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