Ex-cacique da Baía da Traição disputará cadeira na Assembleia Legislativa da Paraíba.
Aos 54 anos, a ‘Comadre
Guerreira’ - liderança de mulheres indígenas na Baía da Traição, vai disputar
uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba pela Rede Sustentabilidade. Mais
do que promover políticas públicas para seu povo, ela quer trazer a
representatividade, sobretudo para promover o protagonismo das mulheres das
aldeias do Litoral Norte do estado.
Dados da Articulação dos Povos
Indígenas do Brasil (Apib) mostraram que, na disputa eleitoral de 2020, houve
um aumento expressivo da participação do grupo. Foram 2.212 candidatos nos
5.568 municípios do país – representando um aumento de 27% em relação às
eleições de 2016. Ao todo, eles conseguiram 213 cadeiras nas Câmaras
Municipais, dez prefeituras e 11 postos de vice. Ainda assim, a presença
feminina é minoria.
“Defendo colocar as mulheres nos
espaços onde merecemos estar, principalmente as indígenas, mulheres guerreiras
e de muita força”, ressaltou. Comadre chegou a disputar as eleições de 2020,
quando se candidatou para o cargo de vereadora na Baía da Traição, mas não
venceu naquele ano. Agora, é a única pré-candidata indígena a uma cadeira na
ALPB.
Desde muito cedo, ela se envolveu
com trabalhos sociais, o que a trouxe destaque e a inseriu em movimentos
coletivos, onde começou a se engajar rapidamente. Logo, passou a participar de
rodas de conversa, jogos indígenas e outros eventos, interagindo com diversas aldeias
e sendo voz da mulher indígena.
No seu currículo leva uma série
de experiências: já foi cacique, artesã, benzadeira e raizeira. Seu objetivo
agora é colocar toda a trajetória à serviço do povo na Assembleia. A escolha de
seu nome, conforme conta, partiu das próprias mulheres da aldeia em que vive.
“Hoje estou como pré-candidata à deputada. Fui procurada por mulheres autônomas
potiguaras que se reuniram e escolheram meu nome”, narra.
Engajada nas lutas sociais, a
indígena também vive em diálogo com outros grupos, como quilombolas. Mãe de
quatro filhos, conta que uma de suas filhas é lésbica e defende as liberdades
individuais. “Somos todos iguais, não deve existir discriminação”, avalia.
Assessoria
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