Com baixa cobertura vacinal, Brasil pode voltar a registrar doenças erradicadas.
No Dia Nacional da Imunização,
9 de junho, especialistas alertam para a importância de se proteger em todas as
fases da vida.
O Dia Nacional da Imunização,
celebrado em 9 de junho, busca incentivar a vacinação no país. Mas dados
recentes mostram queda nas taxas de cobertura vacinal no Brasil. A campanha
contra o sarampo este ano atingiu apenas 35% das crianças de 6 meses a 5 anos
incompletos e 22% dos profissionais de saúde, segundo o LocalizaSus.
Já o número de casos de sarampo
aumentou em 79% em todo o mundo, nos dois primeiros meses de 2022, na
comparação com o mesmo período do ano passado. O alerta foi feito pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef).
Em 2016, o Brasil recebeu o
certificado de erradicação do sarampo da OMS, mas, em 2018, voltou a registrar
a circulação do vírus no território nacional. Só até a 12ª semana
epidemiológica de 2022, o Ministério da Saúde confirmou 8.448 casos.
Apesar do aumento das
notificações, outra preocupação das autoridades de saúde é a poliomielite, ou
paralisia infantil. A doença foi erradicada do país em 1994, mas, desde 2015, o
Brasil não atinge a meta de 95% do público-alvo vacinado. A infectologista
Lessandra Michelin alerta sobre a baixa cobertura vacinal no país.
“O motivo do retorno de tantas
enfermidades é a baixa cobertura vacinal. Nós precisamos de uma cobertura
vacinal de 95% em média para conseguirmos controlar as doenças. Então, nós
estamos vendo várias doenças como sarampo, poliomielite, caxumba, rubéola,
varicela, febre amarela, diversas doenças que são imunopreveníveis, até mesmo
doenças bacterianas como pneumonias pneumocócicas e doenças meningocócicas
invasivas, estamos vendo essas doenças voltarem, porque as coberturas estão
muito baixas.”
Na página da Sociedade Brasileira
de Imunizações, é possível conferir a orientação vacinal para cada faixa
etária, inclusive com todas as doses disponibilizadas gratuitamente na rede
pública de saúde. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, destaca as vacinas
disponíveis gratuitamente em todos os 50 mil postos de vacinação espalhados
pelo Brasil.
"As vacinas estão
disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde e nas salas de vacinação. Seja as
vacinas contra a gripe, seja a vacina tríplice viral, que [protege contra]
sarampo, caxumba, rubéola, e a vacina da pólio. Então, há um pacote de vacinas
que são disponibilizadas à população brasileira, como uma política pública. Há
aquela fase em que nós fazemos uma campanha, que é para fazer um chamamento à
população para que busque essas vacinas, que são importantes. No caso da gripe,
para diminuir síndromes respiratórias agudas.”
Motivos para a baixa vacinação
Uma pesquisa encomendada pelo
Ministério da Saúde aponta o receio e a desinformação como causas para a queda
da cobertura vacinal: 18% das famílias entrevistadas afirmam ter medo de
reações ao imunizante e 14% dizem que vacinas para doenças que não existem mais
são desnecessárias.
“Podemos pensar que o próprio
sucesso das políticas de vacinação no Brasil, considerado um modelo no passado,
seja paradoxalmente responsável pela redução do estado de alerta das pessoas em
relação a algumas doenças. Como convencer pessoas a se vacinarem contra uma
doença de que nunca ouviram falar?”, ressalta o médico e gestor em uma
operadora de saúde Gustavo Landsberg.
Gustavo Landsberg afirma que a
queda da cobertura vacinal no Brasil se agravou durante a pandemia, mas é um
fenômeno observado desde 2015.
“Fomos de 95%, em 2015, para 59%,
em 2021. Temos atualmente, taxas semelhantes àquelas observadas na década de
80. É um retrocesso evidente que traz o risco real de observarmos o
ressurgimento de diversas doenças graves, que já haviam sido declaradas
eliminadas ou controladas no país.”
Segundo a infectologista
Lessandra Michelin, a pandemia da Covid-19 acendeu o alerta da população sobre
a importância das vacinas. “Mas como nós não vemos tantas doenças
imunopreveníveis com frequência, muitas vezes não nos lembramos da importância
da prevenção. Então, é muito importante que nós tenhamos a carteira de
vacinação em dia”, ressalta.
Fonte: Brasil 61 -
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