Garoto de 16 anos pega 'doença do tatu' e morre após 8 dias em UTI do Piauí.
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Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons
Um adolescente de 16 anos morreu no município de Simões (a
440 km de Teresina, capital do Piauí) vítima de uma infecção provocada pelo
fungo Coccidioides brasiliensis, popularmente conhecida como "doença do
tatu". Um irmão dele, de 14 anos, e um amigo de 22 anos também foram
contaminados. O amigo está internado em uma semi-UTI no hospital Justino Luz,
na cidade de Picos, e o irmão é monitorado em sua residência. A morte do jovem
ocorreu no sábado (20). Ele ficou internado por oito dias na UTI do hospital de
Picos, chegou a ser intubado, mas não resistiu e morreu.
"O paciente procurou atendimento após apresentar perda
de peso, febre alta, dor torácica, dispneia e tosse", informou em nota o
Hospital Justino Luz. Sobre o jovem que segue internado, o hospital disse em
boletim que ele apresenta dispneia (dificuldade de respirar) e por isso está em
uma sala de cuidados críticos.
Contato com tatu causa a doença
A Secretaria de Saúde de Simões informou que os pacientes
tiveram contato com tocas de tatus há cerca de um mês, durante uma caçada, e em
seguida apresentaram os sintomas. "Há uma cultura de caçar tatu e algumas
pessoas vendem as carnes. O local onde teriam sido contaminados pelo fungo é em
uma área de uma serra na região", disse o prefeito de Simões, Zé Wlisses,
informando que não foi a primeira vez que o município registra caso dessa
doença.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, matar, perseguir,
caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota
migratória sem a devida permissão, licença ou autorização é considerado crime
ambiental. O prefeito informou que a prefeitura está distribuindo folder
esclarecendo a população e dando palestras para evitar a caça e a proliferação
da doença.
Entenda a doença
O médico infectologista José Noronha, diretor do Instituto de
Doenças Tropicais Natan Portella, em Teresina, informou que a coccidioidomicose
é uma micose sistêmica e endêmica em algumas regiões. A doença é semelhante com
a paracoccidioidomicose, mas se trata de uma variação específica, presente
apenas em poucas localidades além do estado do Piauí. "O fungo fica na
toca, que é abrigo do tatu. Com a caça ilegal, [a pessoa] acaba inalando os
esporos, liberados pelo ar e geralmente ocorre a infecção. O ideal é não fazer
caça do tatu, até porque é ilegal", disse o médico, que também é membro do
COE (Comitê de Operações Emergenciais de combate a Covid) no Piauí.
A coccidioidomicose, segundo o Ministério da Saúde,
representa uma das dez principais causas de morte por doenças infecciosas e
parasitárias, crônicas e recorrentes no país. De acordo com a pasta, a
"doença do tatu" pode causar lesões na pele, tosse, febre, falta de
ar, linfonodomegalia (ínguas), comprometimento pulmonar e emagrecimento.
Yala Sena | Colaboração para UOL, em Teresina.
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