Promotoria vai investigar família de menina de 11 anos grávida pela segunda vez.
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) — O
Ministério Público do Estado do Piauí disse nesta quarta-feira (14) que vai
investigar a família da menina de 11 anos que foi violentada e ficou grávida
pela segunda vez em Teresina.
A promotora Joselisse Carvalho,
coordenadora do Centro de Apoio à Infância e Juventude, afirmou que o
Ministério Público não se omitiu na primeira gravidez da menina e disse que
todos os mecanismos para a proteção dela foram acionados.
"Eu costumo dizer que toda
vez que há uma violência não deixa de haver uma falha do Estado. Mas, dentro
das perspectivas que a gente tinha, todos os mecanismos foram acionados. Para
dizer onde foi a falha, a gente precisa de uma avaliação", afirmou a
promotora à reportagem.
Ela destacou que a Promotoria
abriu um procedimento administrativo para acompanhar o caso em 2021 e que este
foi encerrado neste ano ao ser constatado que a menina estava sendo acompanhada
por uma equipe do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência
Social).
Também afirmou que o Ministério
Público vai apurar se houve negligência da família, visto que houve recorrência
no abuso à criança. A Promotoria vai avaliar, ainda, se a menina tem condição
ou não de voltar ao seio familiar.
"Esse novo fato [gravidez]
já denota algo muito estranho na família. A família até então estava sendo
acompanhada, orientada", afirmou a promotora, destacando que há situações
que são incongruentes diante do que a família relatava.
A promotora destacou que a
decisão de enviar a criança para uma instituição de acolhimento ou para uma
família acolhedora acontece apenas em último caso. Porém disse considerar
remoto um possível retorno da menina para a casa do pai ou para a da mãe.
A possibilidade de realização de
um aborto legal, diz a promotora, será avaliada pela Vara da Infância com o
acompanhamento das equipes técnicas e de apoio.
A menina ficou grávida pela
primeira vez em 2021 após ter sido violentada. A família optou por não
interromper a gravidez e a criança nasceu em setembro do ano passado. Neste
ano, a menina foi novamente vítima de violência sexual e está grávida pela
segunda vez.
A nova gravidez foi descoberta na
última sexta-feira (9), quando uma equipe do Conselho Tutelar levou a menina
para realizar exames em uma maternidade em Teresina.
Nesta segunda (12), a menina
deixou a casa do pai na zona rural de Teresina e foi, mais uma vez, encaminhada
para um abrigo na capital piauiense. O caso está sendo investigado pela Polícia
Civil do Piauí, que avalia se houve negligência dos pais e das autoridades em
relação ao caso.
Nesta quarta, a Defensoria
Pública do Estado do Piauí ajuizou uma ação na Justiça com pedido de medidas
protetivas em favor da menina.
A Defensoria pediu que a menina
passar por um exame clínico para averiguar se a gravidez traz riscos para ela e
para o bebê. Também solicitou que a menina seja ouvida por equipe
especializada.
"Queremos apurar o que
aconteceu, em que circunstâncias essa criança estava submetida de forma que ela
possa ser o menos possível revitimizada e novamente submetida ao trauma",
afirmou a defensora pública Daniela Bona, titular da 1º Defensoria Pública da
Infância e Juventude do Piauí.
Também foi pedido que, em caso de
acolhimento, a menina não seja separada do primeiro filho, que nasceu no ano
passado.
Por fim, a Defensoria pediu que a
Justiça solicitasse ao Conselho Tutelar que informasse quais medidas foram
adotadas a partir da primeira gravidez da menina. A ideia é saber se houve
alguma negligência por parte dos órgãos de proteção à criança e adolescente.
Nesta terça (13), a OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), seccional Piauí, informou que que está acompanhando o
caso. Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente
da OAB no Piauí, Rogério Almeida afirmou que houve falha no sistema de proteção
à criança.
Por JOÃO PEDRO PITOMBO/FOLHAPRESS – Via ClickPB
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