Covid-19: Atenção para a importância da vacinação das doses de reforço.
Pessoas com a vacinação em
atraso, idosos e grupos de risco são os que mais sofrem com a nova onda de
Covid-19, que se alastra há aproximadamente dois meses. Cerca de 69
milhões de brasileiros não tomaram sequer a primeira dose de reforço da vacina,
de acordo com o Ministério da Saúde.
O atraso é ainda maior em
relação às crianças. Apenas 5,5% entre 3 e 4 anos tomaram duas doses de
alguma vacina quatro meses após a aprovação do uso emergencial da Coronavac
para essa faixa etária. Para os mais novos, existe a aprovação apenas para uso
da Pfizer em pacientes com comorbidades. De acordo com dados do Ministério
da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são 5,9 milhões de crianças
dessas idades. Apenas 324 mil estão imunizadas com a segunda dose da vacina.
E 938 mil tomaram a primeira. Enquanto isso, casos e internações disparam
em todo o Brasil.
Para o pesquisador da
Fiocruz Brasília, Claudio Maierovitch, a vacinação pediátrica é fundamental não
apenas pensando no controle da circulação do vírus, mas tendo como principal
objetivo a proteção das próprias crianças. “Existe uma certa crença, que foi
muito difundida especialmente aqui no Brasil, de que as crianças não têm doença
grave. E isso é uma mentira. As crianças, numa proporção menor do que os
idosos ou do que pessoas que têm outras doenças, podem desenvolver quadros
graves. Ao longo do primeiro semestre deste ano, nós tivemos duas crianças
morrendo por dia com menos de 5 anos de idade por causa da covid __ e de
lá para cá a isso continua acontecendo ainda numa frequência menor, mas
continua acontecendo.”
Segundo o levantamento do
Ministério da Saúde, a estratégia de reforçar o calendário vacinal contra o
novo coronavírus aumenta em mais de cinco vezes a proteção contra casos graves
e mortes pela Covid-19. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) já autorizou a vacinação para crianças entre 6 meses e 4 anos. Já a
primeira dose de reforço (terceira dose) é recomendada para todos acima de 12
anos e deve ser aplicada após quatro meses da segunda dose ou dose única.
A taxa de incidência de
eventos adversos em crianças e adolescentes que tomaram a CoronaVac no Brasil é
de 0,76 para cada 100 mil doses aplicadas, de acordo com o levantamento da
Farmacovigilância, do Instituto Butantan. A pesquisa levou em conta as
mais de 13 milhões de doses da CoronaVac aplicadas com dados até o final de
julho – 11,05 milhões nas crianças de 6 a 11 anos e 2,02 milhões em
adolescentes de 12 a 17 anos.
Já em idosos brasileiros,
a CoronaVac protegeu cerca de 84,2% contra hospitalizações, 80,8%
contra internações em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 76,5% contra mortes,
segundo o estudo sobre a efetividade de vacinas, baseado nos dados nacionais do
Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), do Ministério da
Saúde.
Subvariantes da Ômicron têm
alta transmissibilidade
Novas subvariantes já
circulam pelo país. A BQ.1 foi encontrada nos estados de São Paulo, Amazonas,
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A BE.9 foi
identificada pela Rede Genômica Fiocruz no sábado (02/11). no Amazonas. O
infectologista Werciley Junior observa que as novas subvariantes parecem
escapar mais facilmente da proteção das vacinas:
“Essa variante tem uma
capacidade de fugir dos anticorpos gerados por infecções prévias e pela vacina
e gerar uma infecção. Até o momento, a gente tem observado infecções leves,
poucos casos com gravidade, mas esse é o nosso medo, de uma infecção leve, de
maior proporção se tornar infecções graves. Por enquanto temos aumento dos
casos, mas ainda não temos aumento das internações”, explica.
Com sintomas semelhantes às
variantes anteriores, a BQ.1 e BE.9 são menos graves. De qualquer forma, o
infectologista Cesar Carranza recomenda completar o esquema vacinal e
manter medidas não farmacológicas: “as precauções são as mesmas que já
conhecemos: a higiene das mãos, usar máscaras quando formos nos expor a ambientes
fechados como transporte público, casas de comercio fechadas, estabelecimentos
de saúde etc. É muito importante também que toda a população tome as vacinas e
as doses de reforço caso estejam com o calendário vacinal atrasado.”
Ainda segundo o infectologista
Werciley Júnior, é preciso ter atenção especial a respeito da população que
está se contaminando neste momento. “a gente tem observado nos relatórios de
evidências que a população jovem está sendo mais afetada, ou seja, as pessoas
que mais estão se aglomerando.”
O
especialista reforça a necessidade de que se busque a dose de
reforço, em especial para os mais vulneráveis à doença. “Com a vacina,
você gere anticorpo. Com maior quantidade de anticorpos você tem maior
funcionalidade deles e automaticamente mesmo que a variante fuja dos
anticorpos, você vai ter alguma ação desses anticorpos e, com isso, evitar
doenças sérias. A vacina é primordial, e proteção dos que a gente chama de
grupo de risco que são jovens não vacinados, idosos, pessoas que fazem
quimioterapia, porque essas pessoas são suscetíveis.”
De acordo com a Rede
Genômica do Instituto Butantan, duas novas sublinhagens da cepa ômicron do
vírus causador da Covid-19 foram detectadas pela primeira vez no Brasil, a
XBB.1 e CK.2.1.1. Os dados foram divulgados na última quinta-feira
(17/11). A amostra de XBB.1 foi encontrada na cidade de São Paulo, e a
amostra de CK.2.1.1 foi detectada em Ribeirão Preto. Até o momento, apenas 342
sequências dessa variante haviam sido encontradas no mundo. Ela já foi
identificada na Alemanha, nos Estados Unidos, na Dinamarca, na Espanha e na
Áustria.
Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), evidências preliminares sugerem que a subvariante
XBB.1 pode trazer um risco maior de reinfecção, comparada a outras
sublinhagens da ômicron. O pesquisador Cláudio Maierovitch destaca que é
natural que as novas subvariantes escapem mais facilmente das defesas
do que o vírus original. “isso tem acontecido a cada sucessão de sub variantes
e de variantes. Na medida que ele escapa mais, ele se multiplica com mais
velocidade e vai predominando."
Vacinas Bivalentes Contra a
Covid-19
A Anvisa está analisando
dois pedidos da Pfizer referentes às vacinas chamadas bivalentes (vacinas que
já está atualizada para combater as novas variantes do corona vírus). Uma delas
contém, além da cepa original, a subvariante ômicron BA.1. Já a outra versão
engloba as subvariantes BA.4/BA.5. Nos dois pedidos a fabricante requer a
indicação da vacina bivalente para aplicação como dose de reforço na população
acima de 12 anos de idade.
Segundo a empresa Pfizer, o
reforço com a vacina bivalente se propõe a conferir uma maior proteção frente
às variantes Ômicron, variante de preocupação no país. A versão bivalente já
foi aprovada na União Europeia e nos Estados Unidos.
Nova lei libera compra de
vacinas contra Covid-19 pela iniciativa privada
O Senado promulgou na
quarta-feira (16/11) a Lei nº 14.466, que retira a obrigação de a iniciativa
privada doar parte das vacinas contra a Covid-19 ao Sistema Único de Saúde
(SUS). Em 2021, no auge do debate sobre a compra de vacinas, foi aprovada a Lei
nº 14.125/2021, que permitia que empresas privadas comprassem imunizantes com a
condição de que doassem metade do estoque à rede pública. Com a revogação da
lei, o setor privado agora pode usar a todas as doses das vacinas adquiridas
pelos fornecedores, sem precisar cumprir o requisito da doação de 50%.
O governo alegou que o
cenário atual de vacinação atingiu o patamar de envio de doses suficientes para
contemplar o esquema vacinal de 2022, o que justifica a revogação da medida.
Fonte: Brasil 61 -
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