Moraes determina afastamento de governador do DF, Ibaneis Rocha, por 90 dias.
Governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha - Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
Para ministro do STF,
comportamento ilegal e criminoso dos investigados não se confunde com o direito
de reunião ou livre manifestação de expressão e se reveste, efetivamente, de
caráter terrorista.
O ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou o afastamento do governador do
Distrito Federal, Ibaneis Rocha, pelo prazo de 90 dias.
A decisão se deu após
criminosos invadirem os prédios do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e o
Palácio do Planalto neste domingo (8).
“Os desprezíveis ataques
terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão
responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores e os anteriores e
atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita
conduta da prática de atos antidemocráticos”, disse Alexandre de Moraes.
Para Moraes, o comportamento
ilegal e criminoso dos investigados não se confunde com o direito de reunião ou
livre manifestação de expressão e se reveste, efetivamente, de caráter
terrorista.
“Na data de hoje, 8/1/2023,
a escalada violenta dos atos criminosos resultou na invasão dos prédios, com
depredação do patrimônio público, conforme amplamente noticiado pela imprensa
nacional, circunstâncias que somente poderia ocorrer com a anuência, e até
participação efetiva, das autoridades competentes pela segurança pública e
inteligência, uma vez que a organização das supostas manifestações era fato
notório e sabido, que foi divulgado pela mídia brasileira”, afirmou.
Para Moraes, o descaso e
conivência do ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública e, até então,
Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres – cuja
responsabilidade está sendo apurada em petição em separado – com qualquer
planejamento que garantisse a segurança e a ordem no Distrito Federal, tanto do
patrimônio público só não foi mais acintoso do que a conduta dolosamente
omissiva do Governador do DF.
“Absolutamente NADA
justifica e existência de acampamentos cheios de terroristas, patrocinados por
diversos financiadores e com a complacência de autoridades civis e militares em
total subversão ao necessário respeito à Constituição Federal. Absolutamente
NADA justifica a omissão e conivência do Secretário de Segurança Pública e do
Governador do Distrito Federal com criminosos que, previamente, anunciaram que
praticariam atos violentos contra os Poderes constituídos”.
Na decisão, Moraes disse
ainda que é razoável que, ao menos nesse primeiro momento da investigação se
determine a suspensão do exercício da função pública.
“Os fatos narrados
demonstram uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins
desestabilizar as instituições republicanas, principalmente aquelas que possam
contrapor-se de forma constitucionalmente prevista a atos ilegais ou
inconstitucionais, como o Congresso Nacional e o Supremo, utilizando-se de uma
rede virtual de apoiadores que atuam, de forma sistemática, para criar ou
compartilhar mensagens que tenham por mote final a derrubada da estrutura
democrática e o Estado de Direito no Brasil”, disse.
Para Moraes, a omissão das
autoridades públicas, “além de potencialmente criminosa, é estarrecedora, pois,
neste caso, os atos de terrorismo se revelam como verdadeira tragédia
anunciada, pela absoluta publicidade da convocação das manifestações ilegais
pelas redes sociais e aplicativos de troca de mensagens, tais como o WhatsApp e
Telegram”.
“A existência de uma
organização criminosa, cujos atos têm ocorrido regularmente há meses, inclusive
no Distrito Federal, é um forte indício da conivência e da aquiescência do
Poder Público com os crimes cometidos, a revelar o grave comprometimento da
ordem pública e a possibilidade de repetição de atos semelhantes caso as
circunstâncias permaneçam as mesmas”, afirmou.
O ministro disse ainda que
“absolutamente TODOS serão responsabilizados civil, política e criminalmente
pelos atos atentatórios à Democracia, ao Estado de Direito e às Instituições,
inclusive pela dolosa conivência – por ação ou omissão – motivada pela
ideologia, dinheiro, fraqueza, covardia, ignorância, má-fé ou mau-caratismo”.
“A Democracia brasileira não
será abalada, muito menos destruída, por criminosos terroristas. A defesa da
Democracia e das Instituições é inegociável, pois como ainda lembrado pelo
grande primeiro-ministro inglês, construir pode ser a tarefa lenta e difícil de
anos. Destruir pode ser o ato impulsivo de um único dia”, afirmou.
Da CNN
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