PF instaura inquérito para apurar suposto genocídio contra yanomami.
Omissão de socorro e crimes
ambientais também serão investigados
Após motivar o governo federal a
decretar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, a crise sanitária
e humanitária que afeta as comunidades da Terra Indígena Yanomami, em Roraima,
tornou-se caso de polícia. A pedido do Ministério da Justiça e Segurança
Pública, a Polícia Federal (PF) instaurou inquérito para apurar a possível
prática de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais, além de outros
atos ilícitos contra os yanomami.
A investigação está a cargo da
Superintendência da PF em Roraima e tramitará em segredo de Justiça.
No último domingo (21), o
ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou, em sua conta
pessoal no Twitter, que oficiaria a PF para apurar os “fortes indícios de
genocídio e de outros crimes” relacionados “aos sofrimentos criminosos impostos
aos yanomami”.
De acordo com a Lei nº 2.889,
quem mate ou cause lesões graves à integridade física ou mental de membros de
qualquer grupo nacional, étnico, racial ou religioso com intenção de destruí-lo
(ao grupo) está cometendo crime de genocídio.
Da mesma forma, pode sofrer as
punições previstas em lei quem submete intencionalmente o grupo a condições de
existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; adota
medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo ou transfere, à
força, crianças de um grupo para outro. E também quem incita, direta e
publicamente, alguém a cometer qualquer dos crimes.
Contaminação e fome
A Terra Indígena Yanomami é a
maior do país, em extensão territorial, e sofre com a invasão de garimpeiros. A
contaminação da terra e da água pelo mercúrio usado no garimpo impacta na
disponibilidade de alimento nas comunidades.
Nos últimos anos, a situação de
contaminação e fome levou à morte 570 crianças, das quais 505 tinham menos de 1
ano. No ano passado, foram confirmados 11.530 casos de malária na região do
Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y). As faixas etárias mais
afetadas estão entre os maiores de 50 anos, seguidas pelas faixas de 18 a 49
anos e de 5 a 11 anos.
No sábado, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e uma comitiva de autoridades federais visitaram Boa
Vista, para estão sendo transferidos os yanomami cujo estado de saúde requer
atendimento hospitalar. Na ocasião, Lula se comprometeu a combater as
ilegalidades nas terras indígenas e criticou o governo anterior pela desatenção
aos povos da região.
A ministra dos Povos Indígenas,
Sonia Guajajara, também cobrou responsabilização. "Nós viemos aqui nessa
comitiva para constatar essa situação e também tomar todas as medidas cabíveis
para resolver esse problema", disse a ministra a jornalistas.
Agencia Brasil
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