Número de óbitos bate recorde em 2021; nascimentos seguem em queda.
Dados são do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Envelhecimento da população e
falta de jovens pode levar à falta de mão de obra e sobrecarga do sistema
previdenciário.
O número de óbitos cresceu
18% em 2021 e atingiu 1,8 milhão de brasileiros, 273 mil mortes a mais do que o
registrado em 2020. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Segundo o levantamento, esse é o maior número absoluto de mortes em um
ano e a maior variação percentual em relação ao ano anterior desde 1974.
A gerente de Estatísticas do
Registro Civil do IBGE, Klívia Brayner, afirma que o aumento expressivo de
mortes foi registrado desde 2020.
“Em 2020, nós já tivemos um
aumento de óbitos em torno de 15%. Mas em 2021, esse aumento foi ainda maior.
Em março, nós tivemos o maior número de óbitos ocorridos no ano de 2021. Mas a
partir de setembro a gente observou que começou a ter um uma queda, de tal
forma que o número de óbitos em setembro de 2021 e nos meses seguintes foi
inferior ao número de óbitos registrados em 2020.”
O professor do Departamento
de Geografia da Universidade de Brasília (UnB) Fernando Araújo Sobrinho explica
as causas para esse aumento de óbitos em 2021.
“Você tem uma taxa de
mortalidade que envolve diversas causas de morte: acidentes, violência,
doenças, o próprio envelhecimento, causas diversas. Mas nós temos que destacar
nesse conjunto de dados do ano de 2021, em comparação a 2020, que este é o auge
da pandemia de Covid-19 no Brasil. Então nós tivemos um fluxo maior de pessoas
que morreram em razão da Covid-19 e não por outras causas diversas.”
O professor da UnB esclarece
o motivo para a queda do número de mortes no segundo semestre de 2021. “O que
explica essa queda no número de mortes é a ampliação da vacinação da população
brasileira contra a Covid-19. Ou seja, a vacinação em larga escala em diversos
setores da sociedade brasileira protegeu de fato a população e diminuiu a
mortalidade Covid-19 a partir desse período de julho de 2021”.
Nascimentos
Em contrapartida, o número
de nascimentos caiu 1,6%, totalizando 2,6 milhões de bebês em 2021. A redução é
de 43 mil nascimentos, o nível mais baixo da série desde 2003.
Segundo a gerente de
Estatísticas do Registro Civil do IBGE, Klívia Brayner, esse é o terceiro ano
seguido de queda. Entre 2018 e 2019, a redução dos nascimentos foi de
aproximadamente 3% (cerca de 88 mil); e entre 2019 e 2020, de 4,7% (menos de
133 mil).
O professor da UnB Fernando
Araújo Sobrinho explica que a queda do número de nascimentos está relacionada
ao contexto de crise econômica e sanitária do país.
“Este contexto de crise
econômica, de crise sanitária, faz com que as famílias repensem a geração de um
filho. Então, obviamente, quem tinha interesse em ter um filho aguarda mais um
período, por meio de métodos anticonceptivos, para ter esse filho mais à frente
ou faz a opção de simplesmente não ter.”
“Uma questão que a gente tem
que verificar é que, no Brasil, quanto maior o nível de urbanização e de acesso
à educação da população menor é a taxa de natalidade. Então o Brasil, a partir
da década de 1990, já começa a apresentar uma taxa de natalidade abaixo de 2,2
filhos por mulher em idade fértil”, acrescenta.
Impactos socioeconômicos
Desde a década de 1990, o
Brasil passa por um processo de envelhecimento da população com o aumento da
expectativa de vida e redução do número de nascimentos. A expectativa do IBGE é
que, a partir de 2040, a população brasileira deve diminuir por conta da queda
brusca da natalidade, modernização do país e maior acesso à saúde, à educação e
à urbanização. Com isso, o país deve passar por um processo de redução drástica
de jovens de zero a 18 anos, o que já acontece atualmente em vários países europeus.
O professor Fernando Araújo
Sobrinho comenta esse cenário. “Nós vamos ter que repensar o Brasil. Teremos
menos pessoas precisando da rede escolar, teremos falta de mão de obra,
principalmente dos mais jovens, e o aumento do número de pessoas vivendo em
aposentadoria. Então o cenário que nós temos no Brasil é um aumento de pessoas
que dependerão da aposentadoria e uma diminuição das pessoas que contribuem
para o sistema de previdência social devido ao envelhecimento da população e à
diminuição do número de jovens”.
Acesse o levantamento
completo Estatísticas do Registro Civil do IBGE no link, divulgado no último dia 16.
Fonte: Brasil 61
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