Governo retomará compras de alimentos da agricultura familiar. Anúncio foi do ministro do Desenvolvimento Agrário.
O governo federal relança, no
próximo dia 22, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Segundo o ministro
do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, a equipe de governo pretende
aproveitar uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Recife para
anunciar a retomada do programa.
Criado no início do primeiro
governo Lula, em 2003, o PAA foi instituído para incentivar a agricultura
familiar sustentável por meio do estímulo ao consumo da produção do setor,
principalmente por meio de compras feitas por órgãos públicos. A prática também
tende a contribuir para a formação de estoques públicos, ajudando a evitar a
disparada dos preços dos principais alimentos, além de incentivar hábitos
alimentares saudáveis.
“No dia 22 agora, lá em Recife, o
governo federal vai relançar o PAA, com R$ 500 milhões para comprar da
agricultura familiar e levar [os produtos] para a mesa do povo”, anunciou o
ministro na 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, evento que o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou em Viamão (RS) e
que reuniu agricultores familiares, empresários, integrantes de outras
entidades que apoiam o movimento, representantes do governo federal e
parlamentares.
“Vamos comprar a preço de mercado
os alimentos que vocês produzem e colocá-los na mesa do povo. Os restaurantes
universitários, o Exército [Forças Armadas], todos terão que comprar da
agricultura familiar”, acrescentou Teixeira, respondendo a uma das principais
reivindicações do segmento após o que entidades como a Confederação Nacional
dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag)
classificam como o “desmonte do PAA e de várias políticas públicas” após quatro
anos “de invisibilidade para o setor”.
“É inadmissível que aqui no
estado [do Rio Grande do Sul], nossas crianças comam bolacha com suco
artificial, que nossas crianças não tenham uma alimentação saudável na hora do
almoço”, disse a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB) ao lembrar que,
quando criança, a merenda escolar chegou a ser uma de suas principais
motivações para ir ao colégio. “Sou uma dessas que fui à escola para comer a
merenda. Por isso, sei da importância disso”, afirmou.
Conab
O ministro do Desenvolvimento
Agrário lembrou que, na semana passada, o governo federal anunciou o reajuste
dos valores repassados a estados e municípios por meio do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae). Dependendo da etapa de ensino, o reajuste pode
chegar a 39%. Em contrapartida, as normas do programa estabelecem que ao menos
30% dos itens adquiridos com os recursos federais venham da agricultura
familiar.
Teixeira também citou os planos
federais para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) como uma das ações
para impulsionar o setor. Presente ao evento, o indicado para presidente da companhia,
ex-deputado estadual pelo PT Edegar Pretto, garantiu estar “formulando os
próximos anúncios da companhia para atender [às demandas] dos companheiros”.
“Temos a obrigação de pensar,
refletir e reafirmar nosso compromisso com os 33 milhões de homens e mulheres
que dormem e acordam todo santo dia com fome. E para quem ainda tem dúvida,
quando assumirmos a Conab, nenhum serviço será reduzido. Faremos mais e
melhor”, prometeu Pretto, destacando que a vinculação da Conab ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar foi um indicador político da
nova orientação da companhia.
“A prioridade número um é
garantir a assentados, agricultores familiares, índios, quilombolas,
ribeirinhos, pescadores, enfim, a todos os que optarem por produzir comida
[para a população brasileira], que o governo, a Conab, serão seus maiores
clientes, [adquirindo a] produção que vocês colherem”, garantiu Pretto.
Festa
Realizada anualmente, a Festa da
Colheita do Arroz Agroecológico deste ano aconteceu no assentamento rural
Filhos de Sepé, em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre. Segundo o
MST, toda a produção do assentamento é isenta de agrotóxicos e de produtos
transgênicos.
Ainda de acordo com o movimento,
o local é um dos 22 assentamentos rurais espalhados por nove cidades gaúchas.
Juntos, eles reúnem 352 famílias vinculadas a sete cooperativas, que estimam
colher mais de 16 mil toneladas de arroz orgânico na atual safra.
De acordo com o Instituto
Riograndense do Arroz (Irga), autarquia subordinada à Secretaria Estadual de
Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, há mais de dez anos o MST no Rio
Grande do Sul lidera a lista de maiores produtores brasileiros de arroz
orgânico da América Latina.
Agência Brasil
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