Repasse do FPM em março aponta tendência de queda na arrecadação.
Crise faz cair uma das
principais fontes de receita dos municípios e pode afetar equilíbrio nas contas
das prefeituras.
Este ano talvez os prefeitos
brasileiros tenham um motivo a mais para se preocupar. O dinheiro do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) a ser repassado no dia 10 de março de 2023
demonstra uma tendência de queda, em relação ao que foi transferido no mesmo
período do ano passado. Está sendo creditado nessa sexta-feira (10), nas contas
das prefeituras, o valor referente ao 1o decêndio do mês.
Em valores brutos, o
total é de R$ 5.017.123.558,80. O Fundo é uma das principais fontes
de receita do município e ajuda a custear despesas obrigatórias, como pagamento
de servidores públicos e Previdência, além de melhorias para a população.
Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a base de cálculo
para o repasse é entre os dias 20 e 30 do mês anterior. Portanto, esse
1° decêndio, geralmente, sempre é o maior do mês e representa quase
a metade do valor esperado para o mês inteiro.
De acordo com o especialista
em Orçamentos e Finanças Públicas Cesar Lima, os valores do FPM a serem pagos
no primeiro decêndio inverteram a tendência de alta, registrada no ano passado,
possivelmente por causa do nível de endividamento das famílias brasileiras, que
se encontra no ponto mais alto desde o início da série histórica. Embora o
valor pago no dia 10 de março represente um acréscimo de aproximadamente 2% a
mais, o total indica uma tendência de queda – quando se desconta a
inflação do período.
Lima observa que um dos
motivos da queda seja relacionado ao endividamento das famílias
brasileiras. "Mais de 70% das famílias encontram-se com contas
atrasadas, e isso muito provavelmente tem refreado o consumo", explicou.
"Também há o motivo dos juros altos, porque a taxa Selic está
mantida em quase 13% ao ano”, afirmou, acrescentando que "também existe o
consumo de bens de maior valor agregado, e isso tudo pode ter contribuído para
uma queda na arrecadação, que veio agora refletir na queda dos repasses do
FPM”.
Saúde e Educação
Muitas prefeituras dependem
do FPM para manter funcionando áreas fundamentais, consideradas de primeira
necessidade da população. É o caso, por exemplo, da cidade de Natal (RN), que
embora seja uma capital de Estado, não possui arrecadação suficiente para
atender todas as necessidades básicas dos habitantes.
De acordo com a
secretária municipal de Administração de Natal (RN), Ademira França, a
Prefeitura aplica parte considerável do FPM em Saúde e Educação. Ao
Brasil61, a secretária destaca a importância dos recursos repassados pela União
através do Fundo: "A gente consegue, através dele, ter recursos para
atender várias demandas, porque as obrigações hoje do município são muito
altas", justificou.
Como funciona
Os recursos do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) fazem parte do dinheiro arrecadado pela
União, através de impostos, e são repassados, a cada dez dias (por isso o nome
“decêndio”), a todas as prefeituras do país. Portanto, são feitas transferências
de dinheiro aos municípios - através do Banco do Brasil - a
cada dia 10, 20 e 30 de cada mês. Caso a data caia num sábado,
domingo ou feriado, o repasse é antecipado para o primeiro dia útil
anterior.
O órgão responsável pelo
cálculo dos percentuais de participação de cada município é o Tribunal de
Contas da União (TCU), de acordo com o número de habitantes de cada cidade e
conforme a renda per capita dos Estados. Os municípios são divididos em três
categorias: capitais de Estado, interior e "reserva". As capitais e
Brasília recebem 10% do FPM. Os demais municípios brasileiros (de
interior) recebem 86,4% do Fundo, enquanto os municípios "de
reserva", que possuem população superior a 142.633
habitantes, recebem tanto o percentual de participação por ser município
de interior, quanto uma cota adicional de 3,6%.
Fonte: Brasil 61 -
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