Consumidores de baixa renda serão os mais impactados com possível fim do WhatsApp ilimitado nos pacotes das operadoras.
A avaliação é da especialista em direito do consumidor
Lorrana Gomes. Três das principais operadoras do Brasil estudam pôr um fim no
serviço.
As três principais operadoras do Brasil - Tim, Vivo e Claro –
que oferecem acesso ilimitado ao WhatsApp estudam pôr um fim no serviço. A
mudança deve ocorrer devido aos custos relacionados à implementação da
tecnologia 5G.
Atualmente, as operadoras vendem pacotes de dados com uma
franquia limite de consumo. Por meio de acordos com empresas de tecnologia,
aplicativos como o Whatsapp são excluídos da contagem dos dados consumidos.
O acesso ilimitado ao WhatsApp se tornou um diferencial
importante nas vendas de planos no país. Segundo dados da pesquisa TIC
Domicílios, realizada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, 62%
dos brasileiros acessam a internet exclusivamente por meio de dispositivos
móveis.
O levantamento também mostra que a principal utilidade do
aparelho no país é para a troca de mensagens. De acordo com advogada,
especialista em direito do consumidor Lorrana Gomes, a medida deve impactar
principalmente os consumidores de baixa renda que dependem dos pacotes. Ela explica
que no momento da contração do pacote, existem termos que definem o prazo de
validade. Ao extrapolar o prazo as operadoras podem limitar o uso a aplicativos
pré-determinados no contrato.
“Extrapolando esse prazo de validade é possível sim, a
determinação de que o WhatsApp seja limitado, mas isso vai variar de acordo com
o plano de cada consumidor e de acordo com a individualidade da contratação de
cada um. Mas as operadoras em geral, elas não são obrigadas a manter a condição
de forma fixa”, afirma.
No entanto, as operadoras devem informar aos consumidores
previamente, como ressalta a advogada.
“Imagino que eles vão realizar uma notificação prévia a cada
consumidor, explicando sobre o fim do pacote ou a alteração dos termos dos
pacotes que são utilizados para WhatsApp ilimitado e dá um prazo para o
consumidor se adaptar. Se ele vai fazer um pacote por conta, aquele que a gente
paga no final do mês ou se vai continuar utilizando meio pré-pago, mas dessa
forma de forma ilimitada o aplicativo de mensagens”.
A especialista frisa ainda que a medida não fere as leis
consumeristas do Brasil desde que sejam respeitadas todas as minúcias da
notificação prévia.
“O contrato não tem uma irregularidade assim tão marcante,
mas é importante frisar que quem vai ser o prejudicado maior vai ser o
consumidor. Então, uma pessoa que fez uma contratação online e teve a
oportunidade de ler o termo não pode questionar depois, mas aquela pessoa
que fez a contratação via mensagem de texto e que estava escrito que o
WhatsApp seria limitado e não tinha prazo, talvez essa pessoa consiga algum
recurso. Mas com certeza a gente vai ter algumas impugnações por parte do
Procon e dos órgãos regulamentadores”, aponta.
Para o empresário Phillip Oliveira, a medida prejudica os
profissionais que utilizam o aplicativo para trabalhar.
“Essa atitude das operadoras é mais uma tentativa de aumentar
lucros em cima da população. A gente já paga planos caríssimos para a realidade
do brasileiro. O mínimo que as empresas de telefonia têm que fazer é oferecer o
básico para comunicação. Se tirar o WhatsApp ilimitado, vai prejudicar muita
gente que até mesmo trabalha com isso. Que está na rua trabalhando com
WhatsApp”, afirma.
As operadoras argumentam que para fornecer os serviços
ilimitados, assumem custos de fornecimentos de dados ou cobram esses valores
das fornecedoras dos aplicativos.
Fonte: Brasil 61 -
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