Ministra anuncia atualização da vacina contra pólio a partir de 2024.
Reforço será feito com vacina injetável, após período de
transição
O Ministério da Saúde vai substituir gradualmente a vacina
oral contra poliomielite pela versão inativada do imunizante a partir de 2024.
A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em
Imunização que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a
doença.
Essa atualização não representa o fim imediato do imunizante
na versão popularmente conhecida como gotinha, e sim um avanço tecnológico para
maior eficácia do esquema vacinal a ser feito após um período de transição,
informou o ministério.
A indicação da câmara técnica foi para que o Brasil passe a
adotar exclusivamente a vacina inativada poliomielite no reforço aos 15 meses
de idade, o que atualmente é feito com a forma oral do imunizante. A forma
injetável é aplicada aos dois, quatro e seis meses de vida, conforme o
Calendário Nacional de Vacinação. Portanto, após um período de transição que
começa no primeiro semestre de 2024, as crianças brasileiras que completarem as
três primeiras doses da vacina irão tomar apenas um reforço com a injetável aos
15 meses.
A dose de reforço aplicada atualmente aos quatro anos não
será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses garantirá a
proteção contra a pólio. A atualização considerou os critérios epidemiológicos,
as evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre o
tema.
Movimentos da sociedade
A nova recomendação foi apresentada, nesta sexta-feira (7),
durante live [transmissão ao vivo pela internet] da ministra da Saúde, Nísia
Trindade, com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
“A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do
governo federal. Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela
ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse
trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde
estão os movimentos da sociedade”, explicou a ministra.
Desde 1989 não há notificação de caso de pólio no Brasil, mas
as coberturas vacinais contra a doença sofreram quedas sucessivas nos últimos
anos. Em todo o Brasil, a cobertura ficou em 77,19% no ano passado, longe da
meta de 95% para essa vacina. Por isso, a mobilização para retomar as altas
coberturas vacinais no país, que já foi referência internacional, é
fundamental.
Multivacinação
Durante a live, também foi abordada a ação de multivacinação
voltada para menores de 15 anos com todas as vacinas do calendário nacional. A
ideia é checar as cadernetas de vacinação e atualizá-las com as doses
faltantes.
O Ministério da Saúde vai repassar mais de R$ 151 milhões
para estados e municípios investirem nas ações de vacinação. A portaria com a
destinação dos recursos será publicada nas próximas semanas.
Para combater o risco de reintrodução de doenças que já foram
eliminadas pela vacinação - como a poliomielite – o ministério adotou o
microplanejamento em que ele trabalha com estados e municípios para melhorar o
planejamento das ações de vacinação.
Equipes irão aos estados para participar de ações deste
método, como a análise da situação dos dados (características geográficas,
socioeconômicas e demográficas locais), definição de estratégias de vacinação,
seguimento e monitoramento das ações e avaliação de todo o processo da
vacinação para o alcance das metas.
Estratégia
A ideia é que o município se organize e se planeje
considerando a realidade local. Neste sentido, a estratégia de imunização será
adaptada conforme a população, a estrutura de saúde e a realidade
socioeconômica e geográfica. Entre as estratégias que podem ser adotadas
através do microplanejamento pelos municípios estão a vacinação nas escolas, a
busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de
saúde, vacinação extramuros, checagem da caderneta de vacinação e intensificação
da vacinação em áreas indígenas.
Com base nessa estratégia, antecipou-se a multivacinação em
estados de fronteira, como Acre e Amazonas. O próximo estado a receber essa
ação será o Amapá, a partir do dia 15 de julho, com um Dia D da Vacinação.
Agência Brasil
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