Secretários de Educação levam ao MEC proposta para Novo Ensino Médio.
Gestores também defendem
investimentos na infraestrutura das escolas
Os secretários estaduais de
educação entregaram nesta segunda-feira (3), em conjunto, ao Ministério da
Educação (MEC), uma proposta de readequação do Novo Ensino Médio. Para o
Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a revogação total da lei
que institui o Novo Ensino Médio é “completamente inviável”. A entrega do documento
foi feita em audiência pública transmitida online.
Diante das especificidades tanto
regionais quanto de oferta do ensino no país, o Consed defende que sejam
elaboradas orientações, em conjunto com os estados, para a oferta do ensino
médio noturno, educação de jovens e adultos (EJA) e também para estudantes de
ensino médio do campo, quilombolas, indígenas, jovens ribeirinhos, jovens com
deficiência e outros públicos não hegemônicos.
Além disso, os secretários
ressaltam a necessidade de investimentos para melhoria da infraestrutura das
escolas. Segundo eles, propor “parâmetros mínimos” para a diversidade de
cenários e realidades educacionais e escolares do Brasil como pré-requisito
para implementação da reforma inviabiliza a implementação. "Quaisquer parâmetros
mínimos de qualidade devem ser estabelecidos a partir de um plano nacional de
investimentos suficientes para alcançá-los, estruturado em regime de
colaboração”, diz o documento divulgado.
Os secretários defendem ainda a
manutenção da possibilidade de oferta de educação a distância (EaD),
preferencialmente, para Itinerários formativos com critérios de oferta
definidos pelos sistemas de ensino. Os itinerários formativos são a parte do
ensino médio que pode ser escolhida pelo estudante, mediante a oferta de cada
rede de ensino.
Também defendem que 300 horas
dentre aquelas que seriam destinadas aos itinerários possam ser usadas para
recomposição de aprendizagens, estudos orientados e outros componentes.
Para o Consed, a revogação do
Novo Ensino Médio não é o caminho para tornar essa etapa mais atrativa ao
estudante. “Não é razoável pensar em descartar todo esse esforço técnico e
financeiro despendido pelas redes estaduais ao longo dos últimos anos. Além de
inviável, essa opção, em nenhum momento, foi considerada pelos gestores
estaduais, que são os responsáveis pela etapa de ensino na rede pública”, diz o
texto.
Os estados brasileiros e o
Distrito Federal são responsáveis pela maior parte das matrículas do ensino
médio. Do total de 7,9 milhões de matrículas nessa etapa de ensino registradas
pelo Censo Escolar 2022, as secretarias estaduais de Educação são responsáveis
por 84,2%, atendendo a 6,6 milhões de alunos na rede pública.
Novo ensino médio
O Novo Ensino Médio está previsto
em lei aprovada em 2017. Com o modelo, parte das aulas será comum a todos os
estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na
outra parte da formação, os próprios alunos poderão escolher um itinerário para
aprofundar o aprendizado. Entre as opções está dar ênfase, por exemplo, às
áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao
ensino técnico. A oferta de itinerários vai depender da capacidade das redes de
ensino e das escolas.
O modelo é alvo de polêmica.
Alguns setores do campo educacional querem a revogação do currículo que começou
a ser implantado em 2022. Outros são contra a revogação e defendem a revisão.
Entre aqueles que são contrários ao modelo, um dos argumentos é que ele amplia
as desigualdades entre os estudantes e entre as redes de ensino.
Consulta pública
Nesta segunda-feira (3) são
realizados os últimos eventos previstos no cronograma divulgado pelo MEC no
âmbito da Consulta Pública para Avaliação e Reestruturação da Política Nacional
de Ensino Médio. Além da audiência com o Consed ocorre o 12º Webinário com
Especialistas, também transmitido online.
Desde o dia 15 de junho está
aberta a Consulta Pública para Avaliação e Reestruturação da Política Nacional
do Ensino Médio on-line. O prazo para participar termina sexta-feira (6). A
ideia é escutar estudantes, professores e gestores para compreender seus
conhecimentos e suas expectativas sobre o tema. A consulta é feita Pesquizap –
um chatbot de WhatsApp especialmente projetado para coletar e mensurar os
resultados da pesquisa.
Agência Brasil
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